Scientific American História 7: O Homem em busca das origens

terça-feira, junho 26, 2007

A revista Scientific American História, edição # 7, R$ 12,90, já está nas bancas. O tema é: O Homem em busca das origens: Como a humanidade entendeu o fenômeno da vida, da mitologia ao Projeto Genoma. Imperdível para todos os interessados nesta grande e apaixonante controvérsia.

Transcrevo a seguir o texto da editora Laura Knapp, “A evolução da ciência”:

Um dia, Isaac Newton declarou: “Se fui capaz de ver mais longe, é porque me apoiei nos ombros de gigantes”. É possível que ele tenha feito a afirmação em tom jocoso, para importunar seu baixo, deformado e eterno inimigo Robert Hooke, presidente da Royal Society. Provocação ou não, a verdade é que a produção da ciência está sempre apoiada nos trabalhos de predecessores, ainda que o nome de alguns se destaque mais que de outros nos registros históricos. O conhecimento científico costuma se acumular até que alguém chegue a uma nova síntese, como propõe Thomas Kuhn em A estrutura das revoluções científicas [1].

Com Charles Darwin e sua teoria da evolução pela seleção natural não foi diferente, ainda que seja inegável que ele tenha sido um gigante apoiado em suas próprias pernas [2]. Enquanto Darwin trabalhava em suas observações, feitas nas Ilhas Galápagos, Alfred Russell Wallace escrevia conclusões tiradas durante uma permanência na Amazônia [3], sobre a tendência de as espécies se diversificarem. Ler o manuscrito do naturalista [4] levou Darwin a publicar A Origem das espécies [5]. Esta é apenas mais uma evidência de que, na história da ciência, nenhum homem ou descoberta equilibram-se por si sós.

Desde que o homem formulou seus primeiros pensamentos, certamente se perguntou sobre sua própria história: de onde veio e como se formou. Na ausência de um relato científico, na Antigüidade, explicou seu percurso com a ajuda dos mitos [5]. Mas mesmo nesta época de certa maturidade científica, as primeiras perguntas não estão inteiramente respondidas. Se temos um relato de como evoluímos — pela seleção natural — [6] continuamos a investigar a maneira como surgimos, de como a vida brotou na Terra.

Os avanços no conhecimento sobre nossa própria história têm sido extraordinários, ainda que, com alguma freqüência, apareçam versões com pretensão de verdade absoluta, mesmo sem amparo científico, caso do criacionismo [7], com sustentação restrita a dogmas de fundo religioso. [8] Questionamentos são saudáveis e essenciais na construção do saber. [9] São o arcabouço que contribui para transformar meras hipóteses em bem lastreadas teorias. Aqui, no entanto, é preciso considerar que esses questionamentos devam ter o método científico como ponto de partida. [10] A crença, pura e simples, pode sensibilizar a emoção, mas não satisfaz a razão. [11]

Temos uma fascinante história de como evoluímos, mas ainda há muito a conhecer sobre o funcionamento de nossos organismos, sobre o modo como os genes se entrelaçam e fazem a diferenciação entre um homem e uma borboleta, entre um tigre e um beija-flor. [12]

No passado, a navegação permitiu que Wallace e Darwin viajassem e observassem animais e plantas em outras terras e assim formulassem a teoria da seleção natural. [13] O desenvolvimento de instrumentos científicos como o microscópio e o telescópio, no início do século XVII, levou, simultaneamente, ao aprofundamento e à ampliação da ciência em campos variados. [14] Assim, é possível que, no futuro, avanços tanto na genômica quanto na exploração do espaço produzam um relato mais completo para nossos questionamentos.

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As notas entre [ ] são aspectos históricos e científicos que pretendo esclarecer num outro blog.