Dawkins e Hitchens e o neo-ateísmo pós-moderno, chique e perfumado não é ciência

terça-feira, julho 24, 2007

O neo-ateísmo pós-moderno, chique e perfumado está causando problemas para a Nomenklatura científica: a ciência não prova a existência e inexistência de Deus. Alguns cientistas e intelectuais como Dawkins [Qual e quando foi mesmo o último artigo/pesquisa dele?], Dennett e Hitchens estão recebendo "umas palmadas" gentis no traseiro pela Akademia que quer se livrar desse estigma de "guerra" entre a ciência e a religião.

Leiam, e vejam se a Nomenklatura científica não deveria ser mais incisiva há muito mais tempo com estes "pífios representantes" fundamentalistas de uma posição ideológica assim como tem sido com os crentes de concepções religiosas???

+++++

JC e-mail 3311, de 23 de Julho de 2007

Dawkins e Hitchens guiam ateístas

Biólogo norte-americano e polemista ensaísta britânico levam argumentos ceticistas a extremos e viram best-sellers. Para Marcelo Gleiser, "novos ateístas" não representam comunidade científica e colecionam inimigos pela arrogância

"Graças ao telescópio e ao microscópio, a religião não oferece mais explicações para nada importante", diz Christopher Hitchens em "God Is Not Great".



O polemista britânico, conhecido agitador político de direita, conhece hoje, por conta de suas provocações à religião, um sucesso nunca antes alcançado por seus mais de 20 livros e inúmeros ensaios publicados em jornais e revistas.

Apenas uma semana após o lançamento, no Reino Unido, Hitchens já havia vendido 4.000 cópias do livro. Seis semanas depois, ele estava em sua sétima impressão e desembarcava nos EUA com loas da crítica e curiosidade geral.

"Eu já tinha criticado o uso nocivo da religião quando escrevi o livro sobre Madre Teresa de Calcutá", disse Hitchens à Folha. "Agora, faço um ataque geral à religião, pois ela é uma má influência."

O argumento principal de "God Is Not Great" é que a religião serviu ao homem como explicação do mundo quando a ciência não existia. Depois disso, não só teria se tornado inútil como passado a ser um entrave para o conhecimento.

Com ironia e pegadinhas retóricas, Hitchens lança desafios: "Se Deus é o criador de todas as coisas, por que devemos celebrá-lo incessantemente por fazer algo que para ele é tão natural?".

Também acusa tanto o islamismo como o cristianismo de impedirem que avanços da ciência ajudem a sanar feridas do Terceiro Mundo.

Os extremistas islâmicos, por resistir a receber ajuda dos países ricos, achando que a medicina ocidental faz parte do projeto de dominação capitalista dos EUA, e a Igreja Católica, ao condenar milhões à morte por ser contra o aborto e o uso da camisinha, baseada em dogmas irracionais.

O ensaísta se refere ao papa Bento 16 como "reacionário medíocre".

Hitchens pega carona no sucesso de Richard Dawkins, cujo "Deus, um Delírio", que chega aqui em agosto, vendeu meio milhão de exemplares nos EUA e mais de 300 mil no Reino Unido.



Biólogo especializado na teoria da evolução [SIC ULTRA PLUS: Dawkins é zoólogo], Dawkins diz que a intenção de seu livro é convencer as pessoas de que devem libertar-se totalmente desse "vício" que é a religião e acrescenta que Deus é homofóbico, racista, genocida, entre outros atributos nada afáveis.

Para o biólogo, Deus não poderia ser uma divindade, pois um ser tão complexo e superior ao homem só poderia ter surgido bem depois deste, como conseqüência da evolução, e não antes de todas as coisas, contrariando a teoria de Charles Darwin (1809-1882).

Em "Quebrando o Encanto", o filósofo norte-americano Daniel Dennett faz uso do darwinismo para analisar a religião como produto da evolução humana, e não como força de raízes sobrenaturais.



Em entrevista à “Folha de SP”, Dennett disse que espera que as pessoas aprendam a discutir e a investigar a religião de um modo mais natural e científico – e está otimista.

"É preciso que deixemos de evitar tópicos que podem ofender os devotos. E acho que cada vez mais há pessoas religiosas que querem discutir suas crenças com céticos e cientistas."

Dennett defende uma revolução no modo como se estuda religião aos moldes da que Alfred Kinsey (1895-1956) provocou com relação ao sexo nos anos 40.

No Brasil

As prateleiras das livrarias brasileiras já estão cheias de recentes títulos ateístas.

O best-seller do filósofo francês Michel Onfray, "Tratado de Ateologia", acaba de sair pela Martins Fontes, enquanto "O Livro Negro do Cristianismo – Dois Mil Anos de Crimes em Nome de Deus", de Jacopo Fo, Sergio Tomat e Laura Malucelli, chega agora pela Ediouro.

Plínio Junqueira Smith, doutor em filosofia pela USP, participa de um grupo de discussões sobre o ceticismo, formado na Unicamp.

"Nossa preocupação é tentar compreender a história do ceticismo e fazer a reflexão sistemática sobre questões céticas atuais", disse.

Smith organizou "Ensaios sobre Ceticismo", coleção de artigos sobre o tema, e fez o prefácio de "Ateísmo e Revolta", de Paulo Jonas de Lima Piva, uma análise do pensamento do padre ateu Jean Meslier, que viveu no século 17.

Ambos os livros saem agora pela editora Alameda.

Confusão

Para o colunista da “Folha de SP” Marcelo Gleiser, o grupo de "novos ateístas" está causando uma "grande confusão". "Estão exacerbando as já arraigadas posições anticientíficas dos mais religiosos e criando novos inimigos devido à arrogância."

Gleiser, professor de Física Teórica no Dartmouth College (EUA), acha perigoso que eles sejam vistos como porta-vozes da comunidade científica.

"Não é verdade. Do ponto de vista da ciência, a posição de ateu radical não faz sentido. Para se afirmar que Deus não existe, é necessário supor que detemos a totalidade do conhecimento, algo que é inatingível pelo fato de a ciência ser uma criação humana e limitada."

Para ele, o máximo que cientistas podem dizer é que "a existência de um Deus judaico-cristão é contrária ao que conhecemos do mundo".

Por outro lado, "não podemos afirmar que a informação atual da ausência de uma divindade é definitiva pois não temos informação sobre tudo. A única posição consistente com a ciência é o agnosticismo ou, no máximo, um ateísmo liberal, pronto a aceitar evidência em contrário, caso ela ocorra". (Sylvia Colombo e Marcos Strecker)
(Folha de SP, 21/7)