Rui Martins “falou e disse”: oposição a Darwin é resistência retrógrada dos fundamentalistas e criacionistas de todos os credos

quinta-feira, julho 19, 2007

De Galápagos ao racismo brasileiro
Rui Martins
Direto da Redação 17/07/2007



Deste interessante pequeno artigo do meu amigo virtual jornalista Rui Martins, lá na Europa, sobre a hágio-exposição “DARWIN” no MASP, destaco e corrijo:

1. “São Paulo — Filas enormes embaixo do velho e descurado mas sempre imponente prédio do MASP mostram, na capital paulista, o sucesso da exposição sobre a vida e idéias do naturalista inglês Charles Darwin. Muitos anos antes do conhecimento das pesquisas genéticas e do DNA, o cientista tinha construído a teoria da evolução das espécies pela seleção natural.”

As pesquisas genéticas e do DNA modernas trazem mais dificuldades à teoria da evolução das espécies “pela seleção natural”. Este suposto “mecanismo evolutivo” não foi “descoberto” por Darwin, que somente reconheceu essa precedência na terceira edição do “Origem das Espécies” quando incluiu um esboço histórico de outros cientistas que tiveram a mesma idéia. Rui, quem influenciou quem aqui?

2. “Pode-se discutir como ocorria a seleção, mas apesar da resistência retrógrada dos fundamentalistas e creacionistas (sic) de todos os credos, as pesquisas em cinco anos de viagens num pequeno navio, o Beagle, estão hoje confirmadas.”

É impressionante como funciona a macro Ctrl + Alt + Crítica a Darwin = “resistência retrógrada dos fundamentalistas e creacionistas (sic) de todos os credos”. Quem já leu o “Origem das Espécies” [segundo Ernst Mayr, um livro confuso e que não explicou o que se propôs — a origem das espécies] sabe que Darwin escreveu 30% de sua obra tentando refutar objeções. De quem? Da “resistência retrógrada dos fundamentalistas e creacionistas (sic) de todos os credos” ou dos cientistas do seu tempo?

As pesquisas de Darwin no Beagle estão sim confirmadas circunstancialmente, porque o mecanismo evolutivo proposto até hoje no contexto de justificação teórica não se estabelece no nível macroevolutivo: um Australopithecus se transformar em antropólogo. Desde 1859 o que temos são meras notas promissórias epistêmicas nunca resgatadas. O “Mysterium tremendum” continua “Mysterium tremendum”.

3. “Se os peixes, aves e porcos têm um processo fetal parecido fica evidente que os bípedes humanos fazem parte de uma única espécie, mesmo se tingidos pelo sol e sob influências ambientais diversas possam mostrar epidermes e traços diferentes.”

O processo fetal de peixes, aves e porcos, e humanos é diferente na etapa inicial, parecido na intermediária, e completamente diferente na etapa final. Esta idéia de “processo parecido” é a velha e surrada tese de Haeckel: a ontogenia recapitula a filogenia. Esta idéia absurda já foi há muito tempo demonstrada falsa.

Prezado Rui Martins, a oposição à teoria da evolução pela seleção natural não se dá apenas pela “resistência retrógrada dos fundamentalistas e creacionistas (sic) de todos os credos”, mas em bases científicas discutidas intramuros e nas publicações especializadas, mas isso a Nomenklatura científica não reconhece publicamente: na biologia do século 21, Darwin está nu! E jornalistas deveriam ser um pouco mais céticos da suficiência epistêmica do darwinismo!

A biologia do século 21 é informação pura.