Celso Lafer (FAPESP) “falou e disse”: para ser livre é necessário ter acesso à informação!!!

sexta-feira, novembro 23, 2007

Desde 1998 e há dois anos neste espaço eu denuncio uma situação aética da Grande Mídia tupiniquim quando a questão é Darwin: ela adota uma postura ricuperiana — o que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde. Nada mudou desde então, apesar desta inusitada situação ser do conhecimento por parte de grandes nomes do jornalismo científico em Pindorama.

Li meio perplexo e surpreso uma frase do discurso de abertura do 9º. Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico (manhã de 22/11) feita por Celso Lafer, presidente da FAPESP, ilustrando a importância de como deve ser a boa divulgação científica pelos jornalistas tupiniquins:

“... ser livre é ser bem informado e, à medida que o jornalismo científico transmite os avanços em diferentes áreas do conhecimento, ele oferece a todos aqueles que têm acesso a essa informação uma oportunidade de se libertar”.

Há vários anos venho informando a editoria de ciência da Folha de São Paulo, e outras editorias de ciência, de uma iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolutiva. Razão? O neodarwinismo é um paradigma morto desde os anos 1980s, e tão-somente ortodoxia científica nos livros-texto de biologia do ensino médio. Responsável pela denúncia: Stephen Jay Gould, cientista darwinista.

Em recente encontro em Porto Alegre, RS, Rafael Garcia da FSP entrevistou a cientista darwinista Eva Jablonka que afirmou da necessidade de o lamarckismo ser incorporado ao paradigma evolutivo. Parece estar acontecendo algum tipo de “metanóia” nas editorias de ciência. Já estão começando a mostrar que no contexto da justificação teórica, Darwin não fecha a conta. Mas é preciso informar muito mais sobre as insuficiências epistêmicas fundamentais abordadas neste blog (Claudio Ângelo sabe disso, pois recebeu estes dados):

(a) Questões de padrão (como os organismos são interrelacionados e como nós sabemos isso?);

(b) Questões de processo (os mecanismos da evolução e os vários problemas em aberto naquela área);

(c) Questões sobre a questão central (a origem e a natureza da complexidade especificada de informação biológica)

O discurso de Lafer é uma esperança de que veremos algumas mudanças no jornalismo científico tupiniquim: a veiculação de informações científicas contrárias às especulações transformistas de Darwin intencionalmente escamoteadas do público há mais de duas décadas.

Lafer disse que isso é um instrumento de construção da democracia e da cidadania. Quer dizer então que vivemos uma “diktadura darwinista” nas redações do Brasil??? Leitores do Brasil, rebelem-se contra esta “diktadura darwinista”. A única coisa que vocês têm a perder são as algemas da ignorância. Escrevam para os editores, educadamente, não mais do que 250 palavras, exigindo o acesso às informações sobre o verdadeiro status epistêmico do darwinismo que estão lhe sonegando há duas décadas.

Abaixo o texto da FAPESP que tão-somente reforça o posicionamento deste “simples professorzinho do ensino médio” [será???] que ousou desafiar a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins: o leitor não especializado, para ser livre, precisa ter acesso à informação.

Fui, não sei por que, pensando em Saint-Exupery...

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Conhecimento e cidadania

23/11/2007

Por Thiago Romero
Agência FAPESP — Durante a sessão de abertura do 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, na manhã desta quinta-feira (22/11), Celso Lafer, presidente da FAPESP, citou o matemático norte-americano Norbert Wiener (1894-1964), considerado o fundador da cibernética, para ilustrar a importância da boa divulgação científica e tecnológica feita por jornalistas brasileiros.

“Wiener dizia que ser livre é ser bem informado e, à medida que o jornalismo científico transmite os avanços em diferentes áreas do conhecimento, ele oferece a todos aqueles que têm acesso a essa informação uma oportunidade de se libertar”, disse Lafer no auditório da FAPESP, que recebe o congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) até esta sexta-feira.

“Vejo o trabalho de divulgação científica como um instrumento de construção da democracia e da cidadania, uma vez que gera informações seguras e exatas que nos libertam e nos fazem entender o mundo ao nosso redor”, afirmou.

Nesse contexto, Lafer, que é professor titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), destacou uma das responsabilidades da FAPESP – estabelecida no artigo 3º da Lei Orgânica 5.918, de 18/10/1960, que instituiu a Fundação –, que é apoiar a divulgação de resultados de pesquisas.

“A FAPESP tem dado uma interpretação ampla a esse artigo com a revista Pesquisa FAPESP e com seus sites, além de apoiar eventos dessa natureza que reúnem jornalistas científicos da maior relevância no país”, disse.

Segundo Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o interesse dos brasileiros pelo assunto é muito alto, como mostraram entrevistas feitas durante as Semanas Nacionais de Ciência e Tecnlogia.

“Mas, quando a população é questionada sobre em quais veículos de comunicação ela tem acesso à informação científica de qualidade, os números caem drasticamente, uma vez que ainda temos poucos programas de televisão sobre ciência, raríssimos programas de rádio e as pesquisas nem sempre são descritas na mídia de maneira qualificada”, afirmou.

“Por isso, devemos formar mais e melhores jornalistas científicos para aumentar a presença desses temas na mídia, a exemplo da TV Cultura em São Paulo, que comunica a ciência muito bem, e também nos canais da televisão pública que está sendo desenhada”, disse Moreira.

Ao fazer a abertura oficial dos trabalhos do evento, Wilson da Costa Bueno, presidente da ABJC, fez menções às comemorações dos 30 anos da entidade e ao centenário de nascimento do jornalista e pesquisador José Reis (1907-2002), um dos fundadores e primeiro presidente da associação.

“A ABJC está comprometida com o debate sobre a qualidade das informações científicas divulgadas no país e, por isso, queremos resgatar, com esse congresso, experiências, práticas, pesquisas e reflexões sobre o jornalismo brasileiro”, disse Bueno.
Durante o encontro, que se encerra nesta sexta-feira (23/11) e tem o tema central “Jornalismo Científico e Sociedade: os novos desafios”, serão apresentados cerca de 40 estudos, oralmente e em forma de pôsteres, além do lançamento de livros.

O congresso tem apoio da FAPESP, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo.
Mais informações: http://www.abjc.org.br