“Há consenso...”, cuidado, você está sendo roubado, oops ludibriado!

terça-feira, dezembro 09, 2008

Michael Crichton, falecido recentemente, foi autor de obras famosas como Jurassic Park e Andromeda Strain. Ele era cético do aquecimento global ser provocado antropogenicamente. Em uma palestra sobre esta questão, ele foi bastante crítico da tendência da Nomenklatura científica citar “o consenso científico” a fim de chegar à conclusão de alguma questão sendo debatida:



“Eu quero fazer uma pausa aqui e falar sobre esta noção de consenso, e a origem do que tem sido chamado de ciência consensual. Eu considero a ciência consensual como um desenvolvimento extremamente pernicioso que deve ser parado imediatamente no seu curso. Historicamente, a afirmação de consenso tem sido o refúgio de canalhas; é um modo de se evitar o debate afirmando que a questão já foi resolvida. Sempre que você ouvir que o consenso dos cientistas concorda em alguma coisa ou outra, procure a sua carteira, porque você está sendo roubado.

Sejamos claros: O trabalho da ciência não tem nada a ver com consenso. O consenso é assunto da política. A ciência, pelo contrário, requer apenas que um pesquisador que por acaso está certo, o que significa dizer que ele ou ela tem os resultados que são verificáveis pela referência ao mundo real. Em ciência, o consenso é irrelevante. O que é relevante são os resultados reproduzíveis. Os maiores cientistas na história são grandes exatamente porque eles romperam com o consenso. [SIC ULTRA PLUS AD INFINITUM 1]Não existe esta coisa de ciência consensual. Se for consensual, não é ciência. Se for ciência, não é consensual. Ponto final... [SIC ULTRA PLUS AD INFINITUM 2]

Eu quero lembrar que você repare onde que a afirmação de consenso é invocada. O consenso somente é invocado em situações onde a ciência não é suficientemente sólida. [SIC ULTRA PLUS AD INFINITUM 3] Ninguém diz que o consenso dos cientistas concorda que E=mc2. Ninguém diz que o consenso é de que o Sol está a 93 milhões de milhas distante. Jamais passou pela cabeça de alguém falar assim.” [1]

+++++

Embora o contexto das afirmações de Crichton sobre o uso do “consenso científico” era sobre o aquecimento global, elas se encaixam como luva de pelica no debate sobre a origem e evolução do universo e da vida. Os que são dissidentes do “Konsenso” são sempre intimidados pela afirmação de que todos os “verdadeiros cientistas” [seja lá o que esta afirmação viciada queira dizer] acreditam que a vida evoluiu unicamente pelos processos darwinistas quando poderia ser o contrário.

Os “processos darwinistas” [se não for X, então Y, se não for Y, então Z, se não for Z, então todo o ABC] são os mecanismos físicos que estiveram e estão agindo na criação da complexidade e diversidade das estruturas, funções e operações encontradas nas coisas bióticas. Traduzindo em graúdos: Darwin locuta, evolutio finita, pois as mutações aleatórias filtradas pela seleção natural cega e sem nenhuma intenção excluíram de vez qualquer outra idéia. Há controvérsia sobre isso desde 1859, e é descompasso com a verdade gritante afirmar que todos “os verdadeiros cientistas” pensam assim.

Para enfrentar destemidamente esses “bullies epistemológicos”, e mostrar à luz do dia que eles estão em descompasso com a verdade da História da Ciência, este blogger relembra que, se não todas, a maioria dos grandes avanços em ciência se deu porque cientistas que ficaram à margem da ciência consensual [“mainstream” é mais chique] se recusaram ser vaquinhas de presépio [eu não pude resistir o espírito da quadra, da quadra o quê mesmo? Quadra quântica? Multiversos] diante da opinião dominante.

Isso foi verdade na obra de Copérnico e Galileu e até mesmo Darwin. Foi verdade no caso de Dalton, Einstein e Le Maitre [o que que um padre fazia no “templo da ciência”, isso é como cometer um assassinato]. O fato da maioria dos especialistas acreditar algo a respeito de uma teoria, não significa que o que eles acreditam está certo. Afinal de contas, pelo rigor do método científico [existe isso? Não seriam métodos científicos???] é Empirica, empirice tratanda. Bem no espírito baconiano: as coisas empíricas são empiricamente consideradas. Darwin passa por este crivo?

Na palestra Crichton salientou incisivamente que o porrete do consenso é geralmente utilizado quando há falta de confiança na teoria sendo defendida. Eu não sei por que me lembrei de um argumento muito usado pelos darwinistas ortodoxos, fundamentalistas pós-modernos, chiques e perfumados de que a teoria da evolução é tão bem estabelecida cientificamente como a lei da gravidade. Isso é falso. E eu ironicamente mencionei neste blog que desconhecia um físico que afirmasse ser a lei da gravidade um fato científico tão bem estabelecido quanto a teoria da evolução.

Consenso científico? Pense duas vezes. Fique atento, você está sendo roubado, oops ludibriado!

++++

NOTA

1. Michael Crichton, "Aliens Cause Global Warming," reimpresso no Wall Street Journal, de 7 de novembro de 2008. "I want to pause here and talk about this notion of consensus, and the rise of what has been called consensus science. I regard consensus science as an extremely pernicious development that ought to be stopped cold in its tracks. Historically, the claim of consensus has been the first refuge of scoundrels; it is a way to avoid debate by claiming that the matter is already settled. Whenever you hear the consensus of scientists agrees on something or other, reach for your wallet, because you're being had.

Let's be clear: The work of science has nothing whatever to do with consensus. Consensus is the business of politics. Science, on the contrary, requires only one investigator who happens to be right, which means that he or she has results that are verifiable by reference to the real world. In science consensus is irrelevant. What is relevant is reproducible results. The greatest scientists in history are great precisely because they broke with the consensus.

There is no such thing as consensus science. If it's consensus, it isn't science. If it's science, it isn't consensus. Period....

I would remind you to notice where the claim of consensus is invoked. Consensus is invoked only in situations where the science is not solid enough. Nobody says the consensus of scientists agrees that E=mc2. Nobody says the consensus is that the sun is 93 million miles away. It would never occur to anyone to speak that way.”