Folha de São Paulo: editorial cavalo de Tróia mal ajambrado historicamente ignora status epistêmico da teoria de Darwin

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Eu alertei aqui neste blog que a Nomenklatura científica iria tentar cooptar os de concepções religiosas a aceitarem a teoria geral da evolução de Darwin e suas crenças teístas. Eu já tinha certa intuição de que os secularistas que constroem e dominam a cultura pós-moderna iriam ser os arautos desse tipo de cavalo de Tróia para engabelar os religiosos incautos e menos esclarecidos em assuntos científicos. Não deu outra. Eis a pérola de folheto de persuasão ideológica em nome de Darwin. A Folha de São Paulo se diz um jornal a serviço do Brasil. Nada mais falso. A Folha de São Paulo está a soldo de Darwin.

Foi o editorial mais burro que já li na Folha “Pravda” de São Paulo.

+++++

JC e-mail 3699, de 10 de Fevereiro de 2009

22. Darwin, 200, editorial da “Folha de SP”

“O próprio Darwin, ateu ou agnóstico, jamais fez de sua teoria uma arma antirreligião”

Leia o editorial:

Entre os pensadores mais influentes dos séculos 19 e 20, só Charles Darwin sobreviveu incólume ao teste do tempo. Os 200 anos de seu nascimento, comemorados nesta semana, encontram sua reputação em excelente forma. Com efeito, nunca foi tão válida a afirmação do grande evolucionista Theodosius Dobzhansky (1900-1975): "Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução".

A teoria darwiniana sofreu aperfeiçoamentos, mas seu cerne, a seleção natural, permanece intacto. O mecanismo foi exposto em obra clássica, "Origem das Espécies", que também faz aniversário (150 anos): a diversidade observável nos organismos é fruto da acumulação de incontáveis e discretas características hereditárias que tenham contribuído para a sobrevivência e a reprodução de seus portadores.

Outro pilar da teoria darwiniana: os milhões de espécies de plantas, animais e micro-organismos que vivem e já viveram sobre a Terra descendem todos de um ancestral comum, que surgiu há mais de 3 bilhões de anos. Durante um século e meio reuniram-se inúmeras comprovações empíricas desses princípios. A universalidade do DNA, a substância presente no núcleo das células portadora de hereditariedade, é só uma delas.

É uma ideia poderosa, em sua simplicidade. Os organismos não são como são em obediência a um desígnio superior. Ao contrário, sua diversificação resulta do entrechoque de eventos inteiramente naturais -sobretudo mutações genéticas e modificações no ambiente- ao longo de um tempo muito profundo.

Compreende-se que esse modo de encarar a biosfera torne problemáticas outras explicações para a miríade de formas que povoam o mundo, como as inspiradas na literalidade de textos religiosos. Apesar disso, é possível conciliar o mecanismo da seleção natural com a noção de um Deus que o tenha criado.

O próprio Darwin, ateu ou agnóstico, jamais fez de sua teoria uma arma antirreligião. Essa é a caricatura que dele se construiu nos últimos 150 anos. Deixar-se arrastar por ela não faz jus à grandiosidade de sua visão da vida, que está na raiz do enorme avanço da biologia nas últimas décadas e que tanto fez para dissipar ilusões sobre o lugar da espécie humana no universo.
(Folha de SP, 10/2)