Jogadores do time de Darwin afinam discurso da crise: "só falta a seleção natural entrar e dizer a que veio"

terça-feira, março 30, 2010

Huxley Paçoca

Enviado especial em Porto Alegre

Apesar de muitas pesquisas e debates seguidos sem vitória desde 1859 para o estabelecimento definitivo da teoria geral da evolução, que ninguém critique a Nomenklatura científica por falta de coerência no discurso. Desde os cartolas aos atores menos importantes, a explicação para a má fase de 150 anos é a mesma: está faltando encontrar o elo perdido e a seleção natural entrar no contexto de justificação teórica e dizer a que veio sobre explicar a origem das espécies.






Foi o que repetiram Gleiser e Leite nesta segunda, após o treino fechado comandado pelo técnico George Forsati do Darwin Dragons. Os jogadores pediram paciência à Galera dos meninos e meninas de Darwin, e disseram que uma vitória contra o Design Inteligente nesta quadra de século bastará para retomar definitivamente a tranquilidade em Down e na Abadia de Westminster.

“A seleção natural tem que entrar no contexto de justificação teórica e dizer a que veio na história evolutiva. Quando nós acharmos uma única instância macroevolutiva que a seleção natural teve realmente ação efetiva, vamos ter mais confiança epistêmica. É só isso, somente isso que está faltando. Vamos fazer o máximo para encontrar esta evidência e conquistar essa vitória contra o Design Inteligente”, afirmou o volante Gleiser.

O “detalhe” da seleção natural que não entra e nem diz a que veio também foi ressaltado pelo atacante Leite, que deve ser o titular ao lado de Ângelo no embate contra o Design Inteligente. “Nosso time vem trabalhando muito forte, mas pena que a seleção natural não vem entrando e nem diz a que veio desde 1859. Contra o Lamarck nós tivemos três lances com perigo de gol a nosso favor, mas Darwin, na sexta edição do Origem das Espécies, tirou da linha da corroboração teórica. Mas é só ter mais paciência que a seleção natural vai começar a entrar e dizer finalmente a que veio”, destacou.

Tanto Gleiser quanto Leite mostraram estar conscientes do que lhes espera na quadra deste século: um adversário forte, bem entrosado e fechado, como foi o Lamarck no jogo contra a Inglaterra na França, que terminou em 0 a 0, porque Darwin jogou a favor do Lamarck em 1872.

“Precisamos encontrar espaço, envolver o Design Inteligente. Vai ser difícil porque eles vão vir com tudo: complexidade irredutível de sistemas biológicos, informação complexa especificada, y otras cositas mais. Temos que fazer um gol cedo para que eles saiam e a gente possa matar a partida já no primeiro tempo”, receitou Gleiser.

Gleiser ainda garantiu que o grupo de jogadores está fechado com o técnico George Bizzoti, que pode pedir demissão em caso de tropeço contra o Design Inteligente. "A gente está com o Bizzoti e não abre, pois ele tem ajudado bastante nossa equipe e tem me ajudado muito emocionalmente: a certeza de que o mero acaso, a fortuita necessidade, mais as mutações filtradas pela seleção natural ao longo do tempo, é um conforto existencial sem par. Não só por ele, mas por causa dessa má fase epistêmica que estamos passando. Só falta uma vitória maiúscula e definitiva contra o Design Inteligente para começar tudo de novo. Temos que ganhar este embate para lavar nossa alma e dedicar a vitória à Galera dos meninos e meninas de Darwin", afirmou.

Com 150 anos, a Nomenklatura científica precisa da vitória contra o Design Inteligente, para eliminar uma liderança epistêmica que surgiu no Grupo das Ciências Históricas no século 20. A partida é nesta quarta, às 21h50, no estádio do Beira Rio. 

Estádio Beira Rio - Porto Alegre - RS


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