Ensinem ciência objetiva, honestamente e permitam as críticas

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

A revista Science publicou recentemente uma pesquisa sobre o ensino da evolução em escolas secundárias dos Estados Unidos: Defeating Creationism in the Courtroom, But Not in the Classroom [Derrotando o criacionismo no tribunal, mas não em sala de aula], deplorando a abordagem da evolução feita pelos professores.



Muito mais interessante destacar o artigo publicado na Science sobre o papel dos alunos em salas de aulas de ciência: Arguing to Learn in Science: The Role of Collaborative, Critical Discourse [Discutindo para aprender em ciência: o papel do discurso colaborativo e crítico]. Neste artigo, Osborn alerta para a apresentação da ciência como sendo "fatos monolíticos" e "um discurso autoritário":

"A crítica, portanto, não alguma característica periférica da ciência, mas antes ela é essencial para sua prática, e sem debate e avaliação, a construção de conhecimento confiável seria impossível...Tipicamente, na pressa de apresentar as características principais do terreno científico, a maioria dos argumentos requeridos para alcançar tal conhecimento é eliminada. Consequentemente, a ciência pode parecer para seus alunos como fatos monolíticos, um discurso autoritário onde a exploração discursiva das ideias, suas implicações, e sua importância estão ausentes. Os alunos emergem então com ideias ingênuas ou interpretações incorretas sobre a natureza da própria ciência itself..." 

"Critique is not, therefore, some peripheral feature of science, but rather it is core to its practice, and without argument and evaluation, the construction of reliable knowledge would be impossible...Typically, in the rush to present the major features of the scientific landscape, most of the arguments required to achieve such knowledge are excised. Consequently, science can appear to its students as a monolith of facts, an authoritative discourse where the discursive exploration of ideas, their implications, and their importance is absent. Students then emerge with naive ideas or misconceptions about the nature of science itself..."(Jonathan Osborne, "Arguing to Learn in Science: The Role of Collaborative, Critical Discourse," Science, Vol. 328 (5977): 463-466 (April 23, 2010).)


Vá entender a turma da Science. Um artigo é a favor do ensino objetivo e crítico das teorias científicas, e o outro deplora o comportamento dos professores na abordagem da teoria da evolução? Qual devemos seguir? Para desespero da Nomenklatura científica que treme nas bases quando a questão é Darwin, eu sugiro o conselho de Osborne: ensinem e discutam as evidências a favor e contra a teoria geral da evolução através da seleção natural e n evolucionários.


Aqui no Brasil um cientista membro da Nomenklatura científica se pronunciou favorável ao artigo de Berkman e Plutzer no seu blog, mas nunca abordou no seu site a tese proposta por Osborne. Por que? A ficha ainda não caiu que Darwin não fecha as contas no contexto de justificação teórica. Além disso, ele sabe que se isso acontecer um dia os alunos serão críticos da suposta robustez epistêmica da teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e n mecanismos evolucionários.

Alô MEC/SEMTEC, quando é que isso vai acontecer no Brasil???