Educação com investigação filosófica incorporada

segunda-feira, junho 25, 2012


22/06/2012

por David Tyler 03:36:48 pm,

Como devem as escolas e as universidades ensinar seus estudantes? A pedagogia ocupa as mentes de todos os educadores, embora haja muitas aplicações diferentes deste aspecto de teoria educacional. Por exemplo, alguns educadores respondem a questão acima defendendo a aprendizagem pela prática. Os estudantes recebem projetos que envolvem uma atividade estruturada tal como experimentação. Isso é aprendizagem baseada na investigação. Outros educadores favorecem um processo de obtenção de informação para se alcançar respostas. Isso é aprendizagem baseada em recursos. Embora não recomendada pelos educadores, alguns estudantes aprendem de cor ou memorizam o meio de ser resolver os problemas, mas isso tipicamente significa que o estudante tem pouco entendimento do que eles estão fazendo. No começo deste ano, em um editorial na revista Ciência, Bruce Alberts escreveu sobre a trivialização da educação em ciência. Ele comentou:

"Tragicamente, nós conseguimos, simultaneamente, trivializar e complicar a educação em ciência. Como um resultado, para muitos, a ciência parece um jogo de se relembrar fatos chatos e incompreensíveis – de tal modo que pode fazer pouca diferença se os factoides sobre a ciência vêm da tabela periódica ou de um roteiro de filme."

Nós gostamos de promover a ciência baseada na evidência, mas nós precisamos de nossas salvaguardas de revisão por pares (fonte aqui)

Apesar de extensiva pesquisa nessas questões, ainda há uma percepção generalizada que abordagens adicionais são necessárias para envolver os estudantes em cada área curricular. A contribuição de dois educadores trás algumas novas questões para consideração:

"Neste artigo nós argumentaremos a favor de mudança ampla na grade curricular escolar, mais particularmente pela inclusão da investigação filosófica dentro de cada área de aprendizagem. Nós começaremos com esta afirmação: Se é para os estudantes desenvolverem uma compreensão do mundo e o que nele há, então como professores nós devemos envolvê-los na investigação filosófica. Esta é a nossa primeira premissa. A segunda é que, tanto o bem social como o bem individual dependem do desenvolvimento de tais entendimentos." (p.305)

Embora abordando questões que surgem na educação da escolar fundamental, o artigo da pesquisa comunica princípios que são tão relevantes para a educação média e superior. A questão não é o conteúdo da grade curricular, mas a compreensão das pressuposições subjacentes de uma disciplina. O desafio é ajudar os estudantes a desenvolverem uma visão de mundo coerente que lhes permita fazer sentido do assunto e capacitá-los a vê-lo em contexto.

Pensador - Rodin

Alguns educadores têm abordado isso tendo a "investigação filosófica" como uma disciplina em si mesma, mas Knight e Collins defendem outra abordagem:

"Nós queremos argumentar que vale a pena considerar outro modelo: a filosofia incorporada nas áreas curriculares existentes. Nós não queremos negar o valor, a extraordinária profundidade, a complexidade, a amplitude do material curricular baseado na narrativa. [...] Todavia, nós pensamos que há razões para se tentar uma abordagem diferente, para se desenvolver os materiais que se encaixam nas áreas curriculares atuais. Em outro lugar, nós examinamos os argumentos apoiando a separação e o uso da narrativa. Nós temos reivindicado que esses argumentos falham em estabelecer qualquer vantagem marcada a favor da abordagem padrão. Aqui, nós simplesmente prosseguiremos colocando o caso a favor do modelo alternado que incorpora a filosofia nas áreas curriculares existentes." (p.310)

Exemplos são dados para estudantes da escola fundamental estudando "Society and Environment" [Sociedade e Meio-ambiente], matemática, ciência e as artes. Tomando a matemática como um exemplo, questões de natureza filosóficas incluem: Por que nós contamos? De onde vêm os números? Os números fazem parte do mundo em nosso redor (como as formas)? Os números são invenções humanas ou eles são descobertos?

"Resumindo: A matemática abriga um rico armazenamento de perguntas genuínas de inquirição, apropriadas para estudantes de qualquer nível de idade. Ao levantar tais questões na sala de aula, nós, sem dúvida, iremos promover uma das disposições intelectuais necessárias para o envolvimento na busca do entendimento matemático." (p.315)

Por que este tópico é relevante para a ciência e as origens? Na minha experiência, fazer referência às pressuposições filosóficas da ciência geralmente é ridicularizada como irrelevância. Muitas pessoas que participam ativamente em fóruns que lidam com essas questões, geralmente, parecem ser extremamente ignorantes das visões de mundo afetarem os assuntos que elas estão debatendo. Muitas figuras respeitáveis no mundo da ciência contribuem para o problema. Por exemplo, o caso de Stephen Hawking é considerado aqui, e Richard Dawkins também parece ter lançado a filosofia na mesma lata de lixo como a teologia, como foi destacado aqui. Há muitos líderes que têm endossado definições de ciência que são sustentadas pelo materialismo filosófico. Mesmo assim, eles raramente reconhecem publicamente a visão de mundo que eles estão esposando. Além disso, eles raramente admitem que o modo deles de fazer ciência não é o único modo – como é evidenciado pelo fato de que todos os pioneiros da ciência no século 17 desenvolveram seus pensamentos sobre os fundamentos filosóficos do teísmo.

Frequentemente nós ouvimos as pessoas dizer coisas como: a 'ciência é baseada na evidência, enquanto que o cristianismo é baseado em tradição/sentimentos/valores' (selecione qualquer palavra que seja apropriada). Isso, efetivamente, é um mantra que reprime um debate significativo. Quando os cristãos usam argumentos baseados em evidências, esses argumentos são rejeitados como retórica, pois somente a 'ciência é baseada em evidência'. É por isso que Hawking e Dawkins estão verdadeiramente promovendo o cientismo, e isso explica por que eles têm uma opinião vulgar da filosofia.

Os professores não somente deveriam ajudar os estudantes compreender os fundamentos filosóficos da grade curricular sob consideração, mas também os educadores e formuladores de políticas educacionais devem esperar que as escolas e as universidades forneçam declarações de visões de mundo concernentes à sua missão na sociedade. Por exemplo, um ateu proeminente e sua equipe de ateus estão estabelecendo uma faculdade, mas as questões de visão de mundo não foram testadas como deveriam (mas vide aqui).

Pais e estudantes têm o direito de saber se sua escola ou universidade adotou a mentalidade do secularismo e materialismo, ou se busca funcionar dentro de um referencial teísta. Reconhecer a importância da filosofia em entender como que as disciplinas de conhecimento se desenvolvem também ajudaria imensamente mudar a natureza polarizada dos debates de origens e de design. As propostas modestas de Knight e Collins merecem ser consideradas seriamente, pois a mudança de longo alcance que eles preveem é muito necessária.

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Sue Knight and Carol Collins

Theory and Research in Education, November 2010, 8: 305-318 | doi:10.1177/1477878510381630

Abstract:

In this article we argue for the necessity of far-reaching change in school curricula and pedagogy. More particularly, we argue that developing students' understanding and engagement in the disciplines which make up the school curriculum requires an unearthing of the philosophical issues underlying ciência, mathematics, the arts, geography, history, and so on. This means that philosophical inquiry must be embedded in every curriculum area. While at first sight this task might appear unattainable, we go on to illustrate by means of detailed examples how the goal might be realized and point to theoretical and empirical evidence to support this contention.


Vide também:

Alberts, B., Trivializing Ciência Education, Science, 20 January 2012: Vol. 335 no. 6066 p. 263 | DOI: 10.1126/ciência.1218912

Tyler, D. Creationism and Intelligent Design in science lessons, ARN Literature Blog (9 September 2011)