Alunos de Biologia desconhecem a argumentação teológica inadequada de Darwin no Origem das Espécies

segunda-feira, julho 02, 2012

Este foi o artigo maior que a Nomenklatura científica junto com a Grande Mídia (jornal O Estado de São Paulo, de 01/07/2012) procura desviar as atenções da total falência epistemológica das especulações transformistas da teoria da evolução de Darwin através da seleção natural, e busca chifres em cabeça de cavalo, apresentando uma questão estritamente científica como sendo uma questão subjetiva, blindando cada vez mais Darwin das críticas e debates necessários para o avanço da ciência biológica: 

Alunos de Biologia expressam menos religiosidade que os de Veterinária

Durante o tempo que coordenou a pós-graduação em Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo...

Durante o tempo que coordenou a pós-graduação em Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), entre 2007 e 2010, o biólogo Antonio Carlos Marques desenvolveu o costume de ler os trabalhos de mestrado e doutorado submetidos pelos alunos. Percebeu que vários deles, apesar de tratarem de temas científicos intrinsecamente fundamentados na teoria evolutiva, traziam referências religiosas em seus textos, como agradecimentos a Deus ou citações de trechos da Bíblia. Ficou curioso [ou furioso???] e resolveu fazer um levantamento sobre o assunto.

O resultado está publicado na última edição dos Anais da Academia Brasileira de Ciência, em artigo científico assinado por Marques, seu colega Rodrigo Willemart e o aluno Ivan Dias, que fez a pesquisa para seu trabalho de graduação no IB.

Eles revisaram as seções de agradecimento, dedicatória e epígrafes de mais de 4,8 mil trabalhos de pós-graduação do IB e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), publicados entre 1943 e 2009. E verificaram que cerca de 8% dos trabalhos de alunos do IB nesse período continham expressões religiosas, comparado a cerca de 38% da FMVZ.

"Por um lado, é uma porcentagem baixa, comparada ao nível de religiosidade da sociedade como um todo", avalia Marques, referindo-se ao resultado de 8% do IB. "Por outro, é um número alto, se pensarmos que estes alunos são treinados para pesquisar e ensinar disciplinas que têm a evolução biológica como princípio fundamental." [Vide aqui declarações de cientistas contrariando o valor heurístico da evolução como princípio fundamental em diversas áreas científicas:

Philip Skell (falecido), cientista, membro da National Academy of Sciences escreveu na revista The Scientist em 2005: 

“A evolução darwinista – quaisquer que sejam suas outras virtudes – não fornece uma heurística frutífera em biologia experimental. Isso se torna especialmente claro quando nós a comparamos com o referencial heurístico como do modelo atômico, que abre a química estrutural e conduz a avanços na síntese de um grande número de novas moléculas de benefício prático. Nada disso demonstra que o darwinismo seja falso. Isso significa, contudo, que a afirmação de ser a pedra fundamental da biologia experimental moderna vai se deparar com o ceticismo quieto de um número crescente de cientistas em áreas científicas onde as teorias verdadeiramente servem como pedras fundamentais para avanços científicos tangíveis.” [Why do we invoke Darwin? Evolutionary theory explains little to experimental biology”, The Scientist, August 29, 2005.


A. S. Wilkins, editor do periódico científico BioEssays, escreveu em 2000: 

“A questão da evolução ocupa um lugar especial e paradoxal dentro de toda a biologia. Embora a grande maioria dos biólogos, provavelmente, concordaria com a frase de Theodosius Dobzhansky de que ‘nada em biologia faz sentido a não ser à luz da evolução’, a maioria pode conduzir seu trabalho muito feliz sem nenhuma referência particular a ideias evolucionárias. A evolução pareceria ser uma ideia unificadora indispensável e, ao mesmo tempo, uma ideia altamente supérflua.” [“Evolutionary processes: a special issue”, BioEssays 2000, 22:1051-2 


Dr. Marc Kirschner, catedrático do Departamento de Sistemas de Biologia na Escola de Medicina de Harvard, foi mais contundente:

“… ao longo dos últimos 100 anos, quase toda a biologia tem procedido independente da evolução, exceto a própria biologia evolucionária. A biologia molecular, a bioquímica, a fisiologia, nem levaram em conta a evolução.” [Marc Kirschner, Boston Globe, Oct. 23, 2005]

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As referências incluem expressões como "agradeço a Deus", "agradeço ao meu anjo da guarda", "dedico a Jesus", além de orações e citações bíblicas, incluindo passagens do livro de Gênesis. "É um antagonismo curioso, ver duas visões contraditórias incorporadas no mesmo documento", diz Marques. Algo que ele considera "inadequado" no contexto de um trabalho científico. "Questões físicas não devem ser misturadas com questões espirituais. Assim como não espero que um padre pregue ciência, não espero que um cientista ensine religião." [Eu acho que o Antônio Carlos Marques, como a maioria dos biólogos, nunca leu o Origem das Espécies de Darwin, e se leu, não prestou atenção no uso inadequado de argumentação teológica pelo guru de Down].

Outros pesquisadores não veem problema nas citações. "Acho que tudo bem; as pessoas acreditam no que quiserem", diz o bioquímico Carlos Menck, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que não participou do estudo. Segundo ele, é normal cientistas acreditarem em Deus ou seguirem algum tipo de religião, como no resto da sociedade. "Você não precisa ser ateu para ser cientista. Só tem de saber separar bem uma coisa da outra", diz.

Menck é o atual presidente da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), que na semana passada publicou um manifesto online sobre ciência e criacionismo, com o objetivo de "esclarecer a sociedade brasileira e evitar prejuízos no médio e longo prazo ao ensino científico e à formação de jovens no país" (veja link no final desta reportagem). [A ciência não é feita através de manifestos políticos, mas o seguir as evidências aonde elas forem dar. Replicamos a estudantada da SBG aqui]

A preocupação maior do manifesto refere-se ao fato de alguns cientistas com tendências religiosas mais radicais pregarem o criacionismo como se fosse uma ciência e inverterem os papéis, dizendo que a evolução biológica é que não tem fundamentação científica. "Não queremos questionar de maneira nenhuma a religião", esclarece Menck. "Ciência e religião podem caminhar juntas; o que não pode é tratar criacionismo como ciência. Isso, sim, é obscurantismo." [Não querer discutir publicamente as dificuldades fundamentais da teoria da evolução de Darwin através da seleção natural no contexto de justificação teórica e que vem aí uma nova teoria geral da evolução é o que? DESONESTIDADE ACADÊMICA - 171 Epistêmico].

Marques considera que as declarações de fé nos trabalhos são um bom indicador da religiosidade presente no corpo estudantil das respectivas faculdades, já que se tratam de expressões espontâneas dos alunos, não induzidas por entrevistas ou questionários. "Ninguém foi perguntado sobre nada. Esses alunos expressaram sua fé porque quiseram." Por outro lado, ele não tem dúvida de que o resultado de 8% do IB está subestimado em relação ao número real de alunos que seguem alguma religião. O dado representa apenas aqueles que expressaram essa religiosidade por escrito em seus trabalhos.

Afirmação. Na opinião da filósofa e educadora Roseli Fischmann, as citações simbolizam mais uma afirmação de identidade pessoal do que uma expressão de conflito entre ciência e religião.

"É uma forma deles de dizer que 'A ciência é importante para mim, mas não me impede de acreditar em Deus'", avalia Roseli, coordenadora da pós-graduação em Educação da Universidade Metodista e professora da USP. "Na ciência, as coisas têm de ser provadas com dados. A religião é algo no qual você crê ou não crê. Por isso é possível fazer essa conciliação interior sem maiores conflitos." [Fischman sabe, mas finge não saber, que tem muita coisa em ciência que não são provadas com dados, mas são aceitas a priori pela comunidade científica. Ex.: a hipótese da ancestralidade comum (descendência com modificação) que, apesar de a Árvore da Vida de Darwin ter sido derrubada pelas evidências contrárias, é mais uma miragem ideológica aceita como verdade pelos que praticam ciência normal, os tais buracos negros, a abiogênese entre muitos outros exemplos. A ciência também tem muitas coisas que se acredita ou não se acredita...]

Uma das curiosidades que surgem do trabalho é a diferença no número proporcional de expressões religiosas das duas faculdades (8% versus 38%). Marques imagina que isso se deva ao fato de a teoria evolutiva permear o ambiente acadêmico do IB de forma mais contundente e abrangente do que na Veterinária.

Por outro lado, é possível que essa cultura evolutiva iniba alunos da Biologia de expressar abertamente sua religiosidade.

"O estudo é muito interessante e teve o mérito de demonstrar, de maneira empírica, a grande diferença de perspectiva entre essas duas realidades. No entanto, tenho reservas quanto ao nexo causal apontado", avalia o educador Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da USP, que também é biólogo. "As duas carreiras atraem jovens com diferenças significativas em relação a crenças religiosas. É possível que o curso de pós-graduação aumente essas diferenças, selecionando os alunos de um tipo mais 'teórico', no caso da biologia, e possivelmente, mais 'prático' no caso da veterinária."



NOTA DESTE BLOGGER:


Quando fiz mestrado em História da Ciência na PUC-SP, nós fomos orientados na elaboração de nossas pesquisas a considerar sempre as referências primárias e  depois as referências secundárias. A referência primária na dissertação que defendi foi a sexta edição do The Origin of Species de Darwin. 


Na leitura que fiz da magna opus de Darwin, encontrei, segundo a definição de Marques, uso inadequado de argumentação teológica nos seguintes capítulos:


Cap. II (p. 50), Cap. IV (p. 99), Cap. V (p. 105, 113, 115, 117, 122), Cap. VI (p. 132, 141, 143-144, 147, 150), Cap. VIII (p. 208), IX (p. 231), Cap. XI (p. 257-258), Cap. XII (p. 281, 282, 283, 290, 293), Cap. XIII (p. 304, 305, 307, 308, 310, 314), Cap. XIV (p. 323, 334, 335-336, 350), e Cap. XV (p. 360, 361, 362, 363, 365, 366, 367-368, 369, 373).

Há tanto 
uso inadequado de argumentação teológica no texto fundamental da teoria da evolução que, a se seguir o raciocínio de Marques, este livro deverá ser colocado no Index Prohibitorum ou então permitir a leitura de outros livros de subjetividades religiosas sobre a questão...

Aguardem, a seguir, o destaque para um artigo sobre o uso inadequado de argumentação teológica por Darwin no Origem das Espécies. Aqui neste blog é assim: a gente mata a cobra e mostra o pau!