EXTRA! EXTRA! A Nomenklatura científica reconhece que Darwin 3.0 é mais do que necessário

quarta-feira, julho 25, 2012

JC e-mail 4547, de 25 de Julho de 2012.

6. Conferência analisa continuidades e rupturas da teoria da evolução

Guillermo Folguera afirma que nos últimos quinze anos houve uma aceleração na discussão sobre as modificações teóricas, incluindo o questionamento da exclusividade do gene como unidade de hereditariedade.

Ele é considerado a unidade fundamental da hereditariedade na genética clássica, mas o gene pode ganhar a companhia de outros fatores, como o comportamental e a influência epigenética na explicação da herança, de acordo com Guillermo Folguera, da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais e da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires, que proferiu ontem (24) a palestra 'Continuidades y Rupturas en la Teoría de la Evolución' na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"O gene foi considerado durante décadas a única unidade de hereditariedade, mas hoje quer se aliar à epigenética, aos estudos comportamentais de aprendizagem social e à linguística, esta última no caso do homem", afirma Folguera. "Não se está apenas criticando a exclusividade do gene como unidade de hereditariedade. O que ocorre há quatro décadas é que se está tirando a relevância dele em muitos aspectos no âmbito genético", detalha Folguera ao Jornal da Ciência.

Nesse sentido, entra a mudança dele como unidade de hereditariedade exclusiva, e também a "complexa relação fenótipo-genótipo"' o que, segundo o pesquisador, "nos faz pensar a vida em diferentes níveis, onde o genético seja só um deles" e que cada vez que se tenha que descrever um fenômeno biológico seja necessário levar em conta um determinado conjunto de níveis.

Jogo de interesses - No entanto, a ideia é ainda muito discutida porque envolve distintos interesses. "Por exemplo, para onde destinar o dinheiro de pesquisas sobre o câncer? Para estudos genéticos, estudos celulares, estudos organímicos? Há grandes implicações de ordem ética, política e econômica", alega Folguera.

O pesquisador também afirma que há resistências à ideia da quebra da exclusividade também por "dificuldades epistêmicas". "Uma ideia de que o fenótipo se herda se aproxima muito mais ao lamarckiano que darwiniano, como no caso, por exemplo, da indução ambiental, quando o ambiente gera a mudança do fenótipo. Mas os biólogos odeiam a palavra lamarckiano, por toda oposição que Darwin teve com Lamarck", relata.

As referências profissionais de Folguera citadas já dão uma ideia de sua trajetória, que une biologia e filosofia, disciplinas nas quais ele não só se especializou, mas estabeleceu conexões. "Aos poucos ele se tornou um biólogo filósofo e encontrou campo fértil na teoria da evolução. Longe de ser contínua, a evolução encontra percalços, discussões e rupturas", conta o professor Ennio Candotti, vice-presidente da SBPC, apresentador da palestra de Folguera.

Histórico das teorias - Durante a conferência, o pesquisador argentino analisou as continuidades e descontinuidades da teoria da evolução nas últimas cinco décadas, indagando os efeitos epistemológicos, metodológicos e ontológicos das mudanças na teoria.

Ele explicou a composição do "núcleo duro" da genética, formado pela genética clássica, genética das populações e ecologia evolutiva, consideradas disciplinas "que explicam". Paleontologia e anatomia comparada, por outra parte, apresentam dados e fenômenos para serem explicados. Folguera se focou nos conjuntos das genéticas clássica e de populações, relacionando a primeira às origens das variações genotípicas e fenotípicas e à EvoDevo e a segunda a mecanismos microevolutivos, paleontologia e hierarquias seletivas.

"A genética clássica e a genética de populações cumpriram, durante o século 20, com as expectativas metodológicas, epistemológicas e ontológicas de biólogos e filósofos da tradição do empirismo lógico. A genética de populações logrou cumprir as expectativas de ser uma ciência propriamente, tendo a física como disciplina exemplo. Ela tem um funcionamento como o da física", compara, citando texto que produziu com o brasileiro Melender de Araújo.

Após falar das bases e da diversidade de propostas nos séculos 18 e 19, e da predominância da síntese biológica entre os anos 1930 e 1960, Folguera focou nos anos 1970, quando houve o que ele chama de "primeira onda" de críticas, expansões e alterações da síntese biológica.

A "segunda onda", de acordo com o Folguera, surgiu a partir de 1995, quando começou uma aceleração nas discussões, que vem se intensificando com temas como a quebra da exclusividade do gene como unidade de hereditariedade. "Foram registradas grandes modificações na teoria da evolução na última década e isso foi se acelerando. Hoje estamos discutindo mudanças muito importantes", destaca.

(Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)

+++++

NOTA DESTE BLOGGER:

Algumas vezes publiquei textos no JC E-Mail apontando as dificuldades fundamentais da Síntese Evolutiva Moderna no contexto de justificação teórica. Tive bons interlocutores, mas TODOS rechaçaram minhas colocações e desdenharam do então "simples professorzinho do ensino médio". A História da Ciência está mostrando que os próprios darwinistas honestos estão corroborando as minhas afirmações no JC E-Mail e nas editorias de ciências da Grande Mídia tupiniquim.

Fui, nem sei por que, rindo da cara de alguns mandarins da Nomenklatura científica afeitos a cartas e manifestos contra os críticos e oponentes de Darwin, porque nós estamos sendo vindicados por cientistas honestos, enquanto eles vão passar a vergonha de serem juvenis demais e, pior de tudo, de se revelarem ignorantes do status epistêmico da teoria evolutiva que eles se julgam os porta-vozes, arautos ínclitos! Nada mais falso e mais abjeto. Sejam honestos para com o público que paga seus salários e para com os alunos!!!

Darwin kaput! Darwin morreu! Viva Darwin!!!