ISSOL 2008: a pesquisa sobre a origem e evolução da vida está pra lá de Marrakesh

segunda-feira, setembro 29, 2008

Eu queria muito participar do ISSOL 2008, realizado em agosto, Florença, Itália, mas premido pela urgência de concluir uma dissertação de mestrado, perdi uma boa ocasião de apresentar um trabalho em História da Ciência [na parte da Química com orientação e parceria do Prof. Dr. Marcos Eberlin, IQM, Unicamp, SP] considerando o aspecto da plausibilidade teórica versus plausibilidade química das teorias da origem e evolução da vida propostas no século 20.

Nós tivemos vários trabalhos apresentados por brasileiros no ISSOL 2008.

Eu ainda não li todos os abstracts dos trabalhos apresentados [PDF gratuito aqui. 17.30 MB]. Dentre os trabalhos de cientistas e pesquisadores brasileiros destaco este sobre a opinião dos estudantes universitários sobre os temas da origem e evolução da vida.

Sem comentários.

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Study of the opinion on of university students of the themes of the origin and evolution of life

Rogério F. de Souza [1], Marcelo de Carvalho[1], Tiemi Matsuo [2], and Dimas A. M. Zaia [3]

1. Departamento de Biologia Geral-CCB, 2. Departamento de Estatística e Matemática Aplicada-CCE, 3. Laboratório de Química Prebiótica, Departamento de Química-CCE, Universidade Estadual de Londrina, 86051-990, Londrina - PR, Brazil;
damzaia@uel.br

Teaching of the origin and evolution of life is very complex, requiring professors to have a solid training in the subject. However, currently, the complexity of these themes is not the only problem confronted by these professors. In Brazil, as in many other countries (mainly the United States), a strongly religious movement called creationism has orchestrated various steps in attempt to impose on public learning institutions a religious vision of the teaching of the origin and evolution of life. We can say that a creationist is one who rejects evolution in favor of a divine creator (Downie et al., 2000; Moore and Miksch, 2003). In view of the lack of information in the Brazilian literature on the opinion on of university students of biological evolution, a questionnaire was administered in the years 2006 and 2007 to first-year and fourth-year students in the following curricula (associate’s degree and bachelor’s degree): biology, philosophy, physics, geography, history and chemistry. The total number of questionnaires filled out was about 900, where it consisted of two parts; a socio-economic survey of students and 11 multiple-choice questions referring to the degree of acceptance/rejection of the themes related to the origin and evolution of the universe and life, as well as questions related to more common scientific themes. The chi-squared test was used for statistical analysis of the association between the characteristics of the students and the questions of the study. In general, we observed that an increase in the education level of the mother and father decreased significantly the degree of rejection of themes related to origin and evolution (p<0.05). We noted that the schooling of the mother appeared to be more important than that of the father. However, when asked if smoking causes lung cancer, education level of the father or mother, religion and family income had no influence on the answer (p>0.05), where 20% of the UEL students had doubts about the truth of this. Family income showed no influence on the acceptance or rejection of themes related to the life’s origin and evolution (p>0.05). A statistical analysis was also carried out taking into account the religion of the students. The students were divided into three major groups: Roman Catholics, non-Catholic Christians and others. In general, it was observed that the groups Roman Catholics and others were much more inclined toward accepting themes involving the origin and evolution of life, than the non-Catholic Christian group (p<0.05). In all the curriculum areas, 40 to 65% of the students showed acceptance of biological evolution without discarding the existence of a god. That is, for many of the students, this concept does not present a conflict. When asked if science can provide reliable answers to physical, chemical and biological phenomena, we observed that family income and education level of the mother and father had more influence than religious belief. However, we can state that in general, there is a high incidence of trust in science, since we found that only 5% think that science does not provide reliable answers with regard to physical, chemical and biological phenomena. The data also demonstrate that in general there is a tendency for a greater acceptance of themes related to the origin and evolution of life in fourth-year than in first-year university students.

References

Downie J. R., Barron, N. J. (2000) Evolution and religion: attitudes of Scottish first year biology and medical students to the teaching of evolutionary biology. J. Biol. Educ. 343: 139-146.

Moore R., Miksch, K. L. (2003) Evolution, creationism and the courts: 20 questions. The Science Education Review 2, 15:1-15.

Marcelo Leite ‘falou e disse’: Vergonha no MEC/SEMTEC/PNLEM

Todo contribuinte que sustenta o MEC/SEMTEC/PNLEM deve preocupar-se com o modo como os autores de livros didáticos de Biologia do ensino médio utilizaram duas fraudes e evidências científica distorcidas para favorecer o fato da evolução, e isso nunca foi reconhecido e nem tratado devida e publicamente pelo MEC/SEMTEC/PNLEM.

O MEC/SEMTEC/PNLEM é um ministério, uma secretaria, e uma comissão educacional que traçam diretrizes públicas de pesquisa e ensino fundamental, médio e superior do Brasil.

Eu me formei em jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP, mas prossegui como aluno de filosofia (estudo que, infelizmente, nunca concluí), e sou jornalista há muitos anos no jornal Folha de São Paulo.

Hoje me pergunto se ainda devo ter orgulho de ser ex-aluno da USP e colunista do maior jornal do Brasil que tem como mote: “Um jornal a serviço do Brasil”. No centro da preocupação com minha “alma mater” (mãe nutridora), como dizem os norte-americanos e os britânicos, a USP, está não somente o caso de plágio no seu Instituto de Física, mas um trazido ao conhecimento da editoria de ciência da FSP há uma década: o uso de duas fraudes (uma centenária e outra mais recente) e a distorções de evidências científicas para favorecer o fato da evolução na abordagem desta teoria da origem e evolução da vida nos melhores livros didáticos do Brasil de autores renomados como Amabis (da USP!!!) e Martho.

O aspecto ético destes dois casos me preocupa. No caso da USP, não tanto pelo caso em si, menor e mesquinho mesmo, por ser localizado numa só pesquisa. É briga de comadres por migalhas de micropoder institucional. Nem vem ao caso quem acusa quem, o agravante moral é que professores titulares admitem copiar trechos de artigos científicos de outros sem a devida referência bibliográfica. O nome disso é “plágio”, a famosa “cola”, recurso que os estudantes “espertinhos” usam para enganar os professores e a si mesmos.

No caso das duas fraudes e das distorções científicas, o caso é mais grave eticamente porque é universalmente localizado e perdura na abordagem da origem e evolução da vida há várias décadas e nos melhores autores de didáticos de Biologia do ensino médio, apesar de renomados cientistas já terem denunciado isso na literatura científica.

A minha consciência fica pesada neste caso porque, na condição de jornalista da FSP, tanto eu como a editoria de ciência tomamos conhecimento disso e nada fizemos, apesar das constantes notificações e cobranças feitas por um simples professor de ensino médio. Na ocasião, a nossa posição era “não damos espaço” a este tipo de crítica, e nunca abordamos e nem denunciamos a questão ética deste caso: o direito à informação científica correta e objetiva dos estudantes do ensino médio e do público leitor da FSP conforme preconiza a LDB 9394/96 e os atuais PCNs.

Não só ex-alunos, mas todo contribuinte que sustenta a USP e qualquer pessoa que cultive valores intelectuais comprando a FSP deve preocupar-se com o modo como o caso foi tratado pela reitoria e pela editoria de ciência da FSP. Se a instância máxima da universidade e do jornal agiram com o propósito de resguardar seu prestígio, bem, nós escolhemos a pior maneira de fazê-lo.

Causam perplexidade dois comunicados sobre o caso divulgados pela reitoria da USP nos dias 22 e 23 deste mês (Reitoria da USP). O primeiro informava que a Comissão de Ética da USP havia concluído — uma semana antes... — “os trabalhos de apreciação do caso de suposto plágio envolvendo professores do Instituto de Física”.

O qualificativo “suposto” indica a disposição clara de proteger os investigados, embora eles próprios tivessem admitido o deslize. O paternalismo corporativo (ou seria “maternalismo”?) vem explicitado a seguir: “Ressalte-se que o relatório da Comissão de Ética não é um documento público, uma vez que seu conteúdo envolve a avaliação de comportamento ético individual. Portanto, a divulgação de atos do processo só pode ser feita com a autorização dos investigados, conforme reza a Constituição Federal, em seu artigo 5º, [inciso] X”.

O caso da USP é kafkiano (ou seria “orwelliano”?). Razão? Se um professor e funcionário público foi investigado por má conduta acadêmica e inocentado, tem todo o interesse em que o relatório venha à luz. Se foi condenado, não tem cabimento dar-lhe o direito de veto sobre a divulgação.

A reitoria se deu conta logo em seguida do atentado cometido contra o princípio da publicidade de Immanuel Kant (1724-1804) em seu “Para a Paz Perpétua” (1795): “Todas as ações relativas ao direito de outros homens, cuja máxima não é suscetível de publicidade, são injustas”.

A reitoria da USP publicou uma errata no dia seguinte, com a satisfação negada ao público 30 horas antes:

“Diante da conclusão dos trabalhos da Comissão de Sindicância e da Comissão de Ética, sobre a investigação de plágio, a Reitoria comunica que, no entendimento da Comissão de Ética, embora os trabalhos científicos, que foram objeto da investigação, contenham pesquisa original, houve um desvio ético na redação dos mesmos por uma inaceitável falta de zelo na preparação dos artigos publicados.

Isso resultou na consignação, pela Comissão, de uma moção de censura ética aos autores, pela não-observância dos preceitos éticos da Universidade”.

Qual “desvio ético”? Que “preceitos éticos” não foram observados? É uma vergonha que a reitoria da USP prossiga em sua recusa a dar uma explicação completa do caso.

No caso das duas fraudes e várias distorções de evidências científicas favorecendo o fato, Fato, FATO da evolução, o fato mais grave é que a Grande Mídia, especialmente a FSP, tomou conhecimento desta situação, e nada fez. Muito mais grave o MEC/SEMTEC/PNLEM, que tomaram conhecimento deste fato em 2003 e 2005 através de análise crítica enviada e protocolada por aquele simples professor do ensino médio, e que nada fizeram. Todavia, entre os diversos autores criticados, Amabis e Martho deixaram de usar as duas fraudes recentemente, mas não explicam aos estudantes a razão por que deixaram de fazê-la: "eram fraudes e nós sabíamos há mais de um século e mais de uma década".

Todo contribuinte que sustenta o MEC/SEMTEC/PNLEM deve preocupar-se com o modo como os autores de livros didáticos de Biologia do ensino médio utilizaram duas fraudes e evidências científica distorcidas para favorecer o fato da evolução, e isso nunca foi reconhecido e nem tratado devida e publicamente pelo MEC/SEMTEC/PNLEM.

Sugiro um protesto maciço de pais e alunos — escrevam cobrando do MEC/SEMTEC/PNLEM providências neste sentido. Façam o mesmo, enviando e-mails para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados relembrando que aquela Comissão também tomou conhecimento e, aparentemente, nada fez. Peçam mudança substancial na composição do PNLEM. Do jeito como é composta atualmente, as críticas científicas à teoria geral da evolução de Darwin nunca serão incorporadas. Traduzindo em graúdos: é o mesmo que deixar cabritos tomar conta de horta.

Escrevam também para o ombudsman da Folha de São Paulo pedindo por um jornalismo mais científico e objetivo, e que aborde a crise epistêmica pela qual passa a atual teoria da evolução, e que uma nova teoria da evolução está sendo elaborada que, contrariando a hipótese de Darwin, não será selecionista: ombudsman@uol.com.br

Shimon Peres afirmou certa vez que a ciência e a mentira não podem andar de mãos dadas. Nem tampouco um jornal que se diz “a serviço do Brasil”.

Mea culpa, espero agora redimida por este artigo, e com uma nova postura jornalística na Folha de São Paulo: “Nós vamos dar espaço na FSP para os críticos e oponentes científicos de Darwin”.

MARCELO LEITE é autor de “Promessas do Genoma” (Editora da Unesp, 2007) e de “Brasil, Paisagens Naturais - Espaço, Sociedade e Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007).
Blog: Ciência em Dia.
E-mail: cienciaemdia.folha@uol.com.br
Foi ombudsman da FSP de 28/9/94 a 5/1/97.

BLOG APÓCRIFO (MAS COM FATOS DENUNCIADOS REAIS) BASEADO EM ARTIGO ORIGINAL DE MARCELO LEITE “Vergonha na USP”, de 28/09/2009. [via JC E-Mail]

André Petry, o jornalista “pato manco” da VEJA, oops VESGA

domingo, setembro 28, 2008

Este blog aborda temas científicos, mas de vez em quando a gente abandona a linha editorial para apontar e criticar as sandices cometidas pela Grande Mídia tupiniquim. Exemplo maior disso é o especial “Procura-se um estadista” de André Petry, na revista VEJA, 2080, no. 39, 01/10/2008, p. 76-78, sobre a atual crise econômica dos Estados Unidos, “a maior desde a desgraça dos anos 30 do século passado”.

De Nova York, Petry escreveu um especial até que interessante, mas eivado de erros históricos sobre os verdadeiros culpados por esta crise econômica americana. Petry usou a expressão “pato manco” para se referir a Bush como um presidente enfraquecido politicamente “pela proximidade do fim do mandato”.

Eu morei nos Estados Unidos nos anos 80 do século passado, e Petry tem razão: realmente, este é o apelido dado pelos americanos para os presidentes em fim de mandato. Contudo, estando nos Estados Unidos, o jornalista da VEJA tem acesso a um grande volume de informações sobre esta crise que não teve começo agora, mas vem desde os anos 90 do século 20.

Se teve acesso ou não a essas informações, eu não sei. Contudo, eu vou dar outro significado à expressão “pato manco” usada por Petry: “pato manco” é o jornalista na sua torre de marfim que se rende a uma visão ideológica [geralmente esquerdista, liberal, secularista, filosoficamente materialista e cética (menos de suas posições] e não reporta com objetividade como demanda o jornalismo sério e responsável.

Quem é o verdadeiro “pato manco” aqui, cara-pálida? É o André Petry, que poderia acessar o Google e descobrir os verdadeiros responsáveis por esta caótica situação econômica nos Estados Unidos: Barack Obama, Bill Clinton e o resto da “gang” do Partido Democrata.

Quem tentou evitar este desastre? George W. Bush e John McCain e o resto do Partido Republicano, mas Petry “Pato Manco”, devido ter escolhido Obama Barack como seu “darling” na política americana não reporta esses fatos para seus leitores.

André Petry, jornalista “pato manco”, eis aqui o que você poderia ter escrito para os leitores de VEJA, uma revista que está ficando cada vez mais VESGA:




André “Pato Manco” Petry, quem está na chuva é pra se queimar...

O verdadeiro ‘longo argumento’ de Darwin no Origem das Espécies

sábado, setembro 27, 2008

Os historiadores da ciência são como detetives: eles seguem as pistas encontradas nos textos científicos, dando valor maior àquelas encontradas nas obras originais dos cientistas (as fontes primárias). Nem sempre as pistas encontradas nas fontes primárias nos levam a uma melhor compreensão da pista deixada pelo cientista. É preciso lançar mão das fontes secundárias.

Eu vou fazer mais uma vez o papel do advogado do Diabo dos ‘fiéis’ de concepções religiosas, e deixar bufando de raiva os ‘fiéis’ de concepções secularizadas que dominam a Nomenklatura científica e ditam o que deve e pode ser discutido na universidade: a realidade se resume somente em matéria, energia e leis naturais num universo ‘fechado’ e refratário a ações ‘externas’ desconhecidas, ainda que sejam naturais.

NOTA BENE: 99.99% dos cientistas, biólogos, professores universitários, nunca leram o Origem das espécies. Segundo Darwin, o livro é “um longo argumento”. Todavia, Darwin não nos diz “sobre o quê” é este seu longo argumento. Sobre a evolução? Seria chover no molhado, pois a idéia da evolução não é original em Darwin (apesar da louvaminhice de exposições e relatos na Grande Mídia ‘sacramentados’ e com o ‘nihil obstat’ da Nomenklatura científica). Sobre a seleção natural? Sinto muito, mas Darwin vai desapontar a galera dos meninos e meninas de Darwin, pois ele fez questão de deixar bem claro na introdução do Origem das espécies (desde a 1ª. edição - 1859) de que estava convencido ser a seleção natural “o mais importante, mas não exclusivo, meio de modificação.”

Ora, se o ‘longo argumento de Darwin’ não é sobre a evolução, nem sobre a seleção natural, sobre o quê seria este ‘longo argumento’? A idéia não é original deste blogger. Eu li em algum lugar uns anos atrás num pequeno livro de autor desconhecido na literatura histórica ‘mainstream’ [é mais chique do que ‘de ponta’, ‘consensual’ — esta última eu abomino por ser subserviente ao ‘discurso único’ que eu chamo aqui de ‘síndrome dos soldadinhos-de-chumbo’ para dizer que todo mundo está pensando a mesma coisa e ninguém pensando em nada original]. A idéia proposta por ele é que ‘o longo argumento’ de Darwin no Origem das espécies era “teológico”.

NOTA BENE: O ‘longo argumento’ de Darwin na sua magnum opus não é um longo argumento científico, mas seria um longo argumento teológico. Para facilitar a nossa investigação, vamos considerar a pista encontrada numa fonte secundária de autor renomado: Ernst Mayr, o ‘papa’ da evolução do século 20 e início do século 21. Na introdução ao Origin of species editada pela Harvard University Press, lemos:

“Na época de Darwin a explicação para a diversidade orgânica predominante era a história da criação em Gênesis. O próprio Darwin defendia isto quando embarcou no ‘Beagle’, e ele se converteu [SIC] às suas novas idéias somente depois de ter feito numerosas observações que foram para ele bem incompatíveis com a criação. Ele percebeu nitidamente que precisava estabelecer este ponto resolutamente antes que os seus leitores ficassem querendo ouvir a interpretação evolucionária. Repetidamente ele descreve fenômenos que não se encaixam com a teoria [SIC ULTRA PLUS] da criação.” [1]

PERGUNTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER que a Nomenklatura científica não permite que professores e alunos façam nas universidade públicas e privadas: Como foi possível para Darwin, o ‘homem que teve a maior idéia que a humanidade já teve’ [menos, Dennett, menos], fazer isto ‘repetidamente’ se ‘a teoria da criação’ [apud Mayr acima] é uma teoria baseada em forças que dá a entender a ação de forças externas à natureza que não podem ser empiricamente testadas???

Fica aqui lançado o desafio para qualquer acadêmico ou cientista tupiniquim dar uma resposta epistemicamente satisfatória para esta pergunta. Se aparecer um com uma resposta heuristicamente suficiente com revisão por pares [peer review é mais chique], eu enfio a minha viola no saco e deixo de contestar a Darwin. Gente, a base heurística da teoria da evolução é baseada em contraposição a uma teoria que não pode ser empiricamente verificada. Durma-se com um barulho desses, pois Mayr afirmou que Darwin fez isso ‘repetidamente’ no Origem das espécies. Isso agora é ciência? A maior idéia que a humanidade já teve???

É impressionante que a Nomenklatura científica tem desafiado empiricamente este ou aquele aspecto da teoria do Design Inteligente nesta base: a TDI, em princípio, não é empiricamente testável. E a descendência com modificação, base fundamental da teoria geral da evolução de Darwin é empiricamente testável? “Nullius in verba”, menos Darwin, capice? Tutti cosa nostra, il bambino de Down.

Como dizia minha mãe, pimenta nos olhos dos outros é colírio, pra não dizer outra coisa e ferir os pruridos de almas sensíveis.

Eu não sei qual será a reação da Nomenklatura científica, mas eu estou convencido da veracidade desta tese levantada por aquele autor desconhecido pela historiografia ‘mainstream’. A minha convicção é baseada no exame cuidadoso do argumento mais comum de Darwin encontrado no Origem das espécies — a descendência com modificação é um fato científico verdadeiro porque os fatos da natureza “são inexplicáveis pela teoria da criação”:

Cap. II (p. 50), Cap. IV (p. 99), Cap. V (p. 105, 113, 115, 117, 122), Cap. VI (p. 132, 141, 143-144, 147, 150), Cap. VIII (p. 208), Cap. IX (p. 231), Cap. XII (p. 281-284, 290, 293), Cap. XIII (p. 304-305, 307-308, 310, 314), Cap. XIV (p. 323, 335-336, 350), e Cap. XV (p. 360-363, 365-367, 369). [2]

QED, oops, elementar meu caro Watson [detetive Sherlock Holmes]: O ‘longo argumento’ exarado por Darwin no Origem das espécies é, para desespero da Nomenklatura científica, um ‘longo argumento teológico’.

A ciência é a busca pela verdade, aonde ela for dar, e as verdadeiras mentes científicas somente se submetem à suficiência das evidências corroborando ou não uma teoria científica.

Mijar fora deste caco, não é ciência, é materialismo/naturalismo filosófico mascarado de ciência. O pior de tudo é que isso é feito com o nosso suado dinheirinho dos impostos pagando os salários e as pesquisas da tropa de choque da Nomenklatura científica.

NOTAS:

1. DARWIN, Charles. Origin of species. Londres, John Murray, 1859; reimpressão fac-similar, Cambridge, Harvard University Press, 1964, p. xii: “In Darwin's day the prevailing explanation for organic diversity was the story of creation in Genesis. Darwin himself had subscribed to this when he shipped on the 'Beagle,' and he was converted to his new ideas only after he had made numerous observations that were to him quite incompatible with creation. He felt strongly that he must establish this point decisively before his readers would be willing to listen to the evolutionary interpretation. Again and again, he describes phenomena that do not fit the creation theory.”

2. Edição de Modern Library, 6ª. edição do Origin of species, reimpressão.

USP promove a 1ª. Olimpíada sobre Design Inteligente no Brasil para alunos do ensino médio

sexta-feira, setembro 26, 2008

Química forense é tema de olimpíada

25/9/2008

Agência FAPESP – Os estudantes de 1ª e 2ª série do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo têm até 10 de novembro para entregar suas redações, feitas individualmente ou em grupo, aos seus professores de química.

As quatro melhores redações de cada escola sobre o tema “Química Forense” serão inscritas, até 24 de novembro, na Olimpíada de Química do Estado de São Paulo (ABQSP-2009), promovida pela Associação Brasileira de Química.

A equipe da ABQ-SP escolherá cem redações cujos autores principais farão o exame da fase final da competição, no dia 6 de junho de 2009, no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a associação, o tema “Química Forense” visa a remeter os alunos ao estudo, observação, discussão e reflexão sobre as contribuições da química na criação e aplicação das leis e na promoção da justiça.

Em suas redações, os estudantes deverão focalizar a atuação dos químicos em atividades como as de detecção, investigação, realização de análises químicas e laudos periciais relativos a crimes, contravenções e infrações.

A Olimpíada de Química do Estado de São Paulo é realizada por uma equipe voluntária de 40 professores doutores em química, com o apoio do Instituto de Química da USP e da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest).

Mais informações aqui.

PUC-SP é a melhor universidade privada do Estado de São Paulo

Levantamento do Ministério da Educação, apresentado em 8/9, reúne em um índice as avaliações de cursos de graduação e de pós-graduação já existentes
A PUC-SP é a melhor universidade particular de todo o Estado de São Paulo e a segunda melhor do Brasil (atrás apenas da PUC-RJ). O resultado faz parte do primeiro ranking oficial de instituições superiores do Ministério da Educação (MEC), apresentado na tarde de 8/9, em Brasília, pelo ministro Fernando Haddad.

Para comparar a qualidade das ins tituições de ensino superior, o MEC criou um indicador chamado Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC). Na formulação do IGC, o Ministério reuniu avaliações que já existiam para a graduação (Conceito Preliminar de Curso, baseado em variáveis como corpo docente, infra-estrutura, desempenho no Enade e opinião discente) e para a pós-graduação (avaliação trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Capes, e número de matrículas).

A partir desses dados, o IGC estabeleceu notas de zero a 500 para as instituições e as dividem em faixas de 1 a 5: a PUC-SP teve 369 pontos e se enquadrou na categoria 4. No total, foram avaliadas 1.448 estabelecimentos de ensino superior (universidades, centros universitários e faculdades): considerando essas três modalidades, a PUC-SP ocupa a 36ª posição no ranking brasileiro; entre as universidades (particulares, federais e estaduais), está na 16ª posição.

“Ficamos muito felizes com esse resultado, mas não estamos surpresos. A qualidade acadêmica da PUC-SP, atestada pelo desempenho no ranking do MEC, reflete o investimento realizado pela instituição, ao longo de seus 62 anos, na qualificação do corpo docente, nas pesquisas e no atendimento à população”, declara a reitora Maura Véras.

Ela destaca ainda o esforço dos corpos docente e administrativo para a construção da excelência acadêmica da PUC-SP e para a formação de qualidade que a Universidade oferece para seu corpo discente. “A crise financeira de décadas, que teve seu enfrentamento de 2005 em diante, exigiu ainda mais trabalho de toda a comunidade. Nesse sentido, o levantamento do MEC é também um alento para nós, pois mostra que é possível aliar sustentabilidade financeira à qualidade de ensino, pesquisa e extensão”, afirma.

Atualmente, a Universidade possui 46 cursos de graduação, 26 programas de pós-graduação (25 mestrados, um mestrado profissional e 16 doutorados) e cerca de 300 cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão. A Universidade reúne mais de 30 mil alunos, em todas essas modalidades de ensino.

Entre os docentes, quase 90% são titulados: 53% são doutores, 29% são mestres, 4% livre-docentes e 4% especialistas. Em 2007, a PUC-SP tinha 217 grupos de pesquisa certificados no CNPq e 432 bolsas anuais de iniciação científica.

Fonte.

Para ser um especialista em educação

Feitos & Desfeitas

LEITURAS DE VEJA

Para ser um especialista em educação

Por Gabriel Perissé em 16/9/2008

Que características deve ter alguém para ser um especialista em educação? Teoricamente, esse especialista tem autoridade para escrever sobre o tema, criticar, analisar, palestrar, oferecer sugestões práticas. É possível distinguir o especialista em questões educacionais daquele que emite opiniões mais ou menos oportunas?

A revista Veja propõe um tipo de especialista. É o que se autodeclara expert em educação pelo fato de ser especialista em economia. Na última edição (nº 2078) de Veja, Camila Pereira entrevista o norte-americano Eric Hanushek, cujos trabalhos inspiram outros dois economistas que escrevem sobre educação: Claudio de Moura Castro e Gustavo Ioschpe. (Os dois são autores de um estudo recente que difunde o pensamento representado por Hanushek.)

A tese defendida por esses economistas é a de que a qualidade da educação é o principal impulso da economia. Uma vez que o nosso nível educacional está baixo, conclui-se que o desenvolvimento do país corre sérios riscos. Pensando em termos econômicos, o principal "produtor" de boas aulas é o professor. Portanto, deveria ser instaurado um ambiente competitivo, como nas grandes empresas, para que os bons docentes fossem incentivados com salários melhores e os maus, se não se corrigirem, devidamente afastados.

Lista de evasões

Analisada a situação desse ponto de vista, simplifica-se o problema e encontra-se a solução fácil, óbvia, científica! O resto são intuições, mitos esquerdistas, corporativismo dos sindicatos de professores, opiniões vazias (opiniões não alicerçadas em números), desconhecimento das práticas vitoriosas de países (tão parecidos com o Brasil...) como Finlândia e Coréia do Sul!

Outro tipo de especialista, que não escreve em revistas de grande circulação, seria o professor que está na sala de aula, que enfrenta as dificuldades reais e complexas da educação brasileira. Este docente muitas vezes concluiu a sua graduação em faculdades privadas, fez alguns cursos de aperfeiçoamento com sacrifício, talvez um mestrado, mas sempre aprende mais com a vivência do que com os livros.

Este especialista (para o qual o economista da educação há de reclamar o uso das aspas) depara com problemas concretos que interferem no aprendizado das crianças e jovens: o ambiente familiar (ou a falta de ambiente familiar) desses alunos, o lugar adverso em que vivem, a precariedade física de muitas escolas e o desânimo de alguns professores (há os que entregaram os pontos e, não raro, porque estão doentes).

Este especialista enfrenta, sobretudo, o que se costuma chamar de "sistema", um conjunto de práticas impostas que os professores se vêem na obrigação de adotar, como na questão da aprovação de alunos sem condições de prosseguir... mas que precisam prosseguir de alguma forma, porque a fila anda... ou cresceria a indesejável lista das evasões.

Leituras de fácil digestão

Muitas cidades brasileiras, muitas capitais, registram altos índices de aprovação no Fundamental I (do 1º ao 4º ano, ou ao 5º, se já foi adotado o sistema de 9 anos), mas um número expressivo desses aprovados tem graves dificuldades para ler, escrever e realizar operações matemáticas. Todos os alunos vão para o Fundamental II (os 4 anos restantes, antes do ensino médio), e seus professores de língua portuguesa, matemática, história, geografia, ciências, inglês e educação artística vêem-se perante o grande dilema: ensinamos o conteúdo previsto para os alunos mais adiantados ou tentamos alfabetizar os mais atrasados?

Houve interesse (legítimo) em manter a criança e o jovem na escola, mas os especialistas, os professores, não foram consultados sobre a viabilidade do que se propunha, ou não foram auxiliados para fazer da progressão continuada um caminho de estudo, e não de mera aprovação.

Se aspas devem ser usadas contra algum tipo de pretenso especialista, ficariam reservadas para aqueles autores que se arvoram a dizer o que bem entendem sobre educação e, pior, com grande aceitação por parte dos professores. Não me cabe citar nomes, mesmo porque algum tipo de serviço motivacional esses autores oferecem. São auto-ajudistas. Assim como Paulo Coelho fez milhares de leitores brasileiros entrarem numa livraria pela primeira vez na vida, assim também muitos professores encontram nessas leituras de fácil digestão receitas e frases de estímulo para o seu cotidiano.

Espaço para o educacionista

Alimento que não encontram quando lêem textos de autores sérios, pesquisadores universitários brasileiros ou estrangeiros, verdadeiramente especialistas em educação, pedagogos, filósofos, sociólogos ou psicólogos, cuja linguagem lhes parece hermética: "epistemologia apriorista", "angústia simbolizada", "o imperativo categórico da instância escolar" etc.

Tanto o auto-ajudista quanto o hermético mais atrapalham do que ajudam. O primeiro oferece paliativos. O segundo, afasta.

O desejável seria encontrar especialistas que reunissem as melhores características dos modelos mencionados nos parágrafos anteriores.

Um especialista com formação acadêmica que soubesse comunicar-se com o professor brasileiro. Sejamos realistas: a nossa formação inicial não permite a muitos docentes discutirem de maneira sofisticada... e talvez isso nem seja tão necessário. A melhor virtude do profissional do ensino é a sua dedicação e muitas vezes ele se deixa desvalorizar pelo poder público porque recebe algum tipo de remuneração afetiva no âmbito da sua comunidade.

Que o especialista especial não desprezasse os dados que a economia e a estatística nos entregam, contanto que saiba relativizá-los, dando à experiência prática um destaque que incomoda, e muito, os que vivem longe, bem longe, sonhando com a sala de aula finlandesa.

Que o educacionista, para usarmos uma palavra que o senador Cristovam Buarque gosta de repetir, seja um especialista realista e obtenha mais espaço na mídia. Quem sabe, até mesmo em alguma página da revista Veja.

Modificação sem descendência detona a descendência com modificação de Darwin

Interessante destacar um aspecto importante da pesquisa “Modular networks and cumulative impact of lateral transfer in prokaryote genome evolution” de Tal Dagan, Yael Artzy-Randrup, [1] e William Martin, publicada no PNAS.

A maioria, NOTA BENE, senão todos os “539.723 genes distribuídos pelos 181 genomas procarióticos seqüenciados” mostra evidência de transferência horizontal de gene. E daí? O que isso tem a ver com a hipótese da descendência com modificação de Darwin? Mano, isso significa dizer que a “Árvore da Vida” de Darwin se transmutacionou num imenso gramado. E daí? Cara, um dos ícones evolutivos — “descendência com modificação” é, na verdade, “modificação sem descendência”. Caracas, “modificação sem descendência”, e o que isso significa para a biologia evolutiva?

Quem é culpado por tudo isso? Os vírus, mano! São eles os responsáveis por toda esta “bagunça evolutiva” devido à sua promíscua tendência de transportar o DNA indiscriminadamente entre as espécies. Uau! E a seleção natural? Onde é que entra a onipotente, onipresente e onisciente seleção natural nesta mixórdia evolutiva? Não entra, fica à margem. Marginalizada, impotente, assistindo ao “Mysterium tremendum” se desenrolar misteriosamente...

NOTA GABOLA DO BLOGGER:

Eu tenho uma filha linda chamada Yael. Uma homenagem à escritora Yael Dayan, filha de um general do exército israelense Moshe Dayan. O nome dela era para ser Yael Sharon, em homenagem a outro general do exército israelense, Ariel Sharon.

The Byrds cantam “TURN! TURN! TURN!” de Pete Seeger

quinta-feira, setembro 25, 2008

Uma das minhas músicas preferidas, "Turn, turn, turn", de Pete Seeger, ativista político, cantada pelo grupo The Byrds.



Fonte.




To Everything (Turn, Turn, Turn)
There is a season (Turn, Turn, Turn)
And a time to every purpose, under Heaven

A time to be born, a time to die
A time to plant, a time to reap
A time to kill, a time to heal
A time to laugh, a time to weep

To Everything (Turn, Turn, Turn)
There is a season (Turn, Turn, Turn)
And a time to every purpose, under Heaven

A time to build up,a time to break down
A time to dance, a time to mourn
A time to cast away stones, a time
to gather stones together

To Everything (Turn, Turn, Turn)
There is a season (Turn, Turn, Turn)
And a time to every purpose, under Heaven

A time of love, a time of hate
A time of war, a time of peace
A time you may embrace, a time to
refrain from embracing

To Everything (Turn, Turn, Turn)
There is a season (Turn, Turn, Turn)
And a time to every purpose, under Heaven

A time to gain, a time to lose
A time to rend, a time to sew
A time for love, a time for hate
A time for peace, I swear it's not too late



[TURN! TURN! TURN!]
[Written by: Pete Seger & Traditional[1]-1962
Performed by: The Byrds[2]-1965
Appears on: Turn! Turn! Turn!-1965 & 2005, AM Gold: Mid '60s (Various
Artists)-1990, The Byrds Collection-1992, It's All in Your Eyes-2002, The
Best of The Byrds-2003, A Collection-2007, et al.]

[1]Words-adapted from The Bible, book of Ecclesiastes 3:1-8.]

[2]Originally released by Pete Seeger-1962. Also covered by: Jan & Dean-1965,
The Seekers-1966, The Lettermen-1966, Judy Collins-1966, Roger McGuin
(solo)-1997, Bob Dylan-2000, Nina Simone-2002, Dolly Parton-2005, and many
others.]

Einstein: finalmente uma exposição científica promovida pelo Instituto Sangari

O Instituto Sangari que patrocina a Exposição Darwin que percorre o Brasil, pura louvaminhice, cheia de beija-mão e beija-pé a Darwin, e eivada de erros históricos aqui apontados, e ainda não contestados por renomados historiadores da ciência, e nem pelo próprio Instituto Sangari, finalmente desta vez vai patrocinar uma exposição científica: Einstein no Brasil.

A teoria da relatividade de Einstein é científica porque aceita o desafio do contexto de justificação teórica. É capaz de prever fenômeno tal numa eclipse? Sim. Vamos lá conferir. Façamos este teste com a teoria geral da evolução de Darwin. É capaz de prever a evolução da espécie XYZ em XYZ milhões de anos? Anos? Meses? Semanas? Dias? Horas, Minutos, Segundos? Nanosegundos?

Pode esperar sentado que ficar em pé epistemicamente cansa...

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Einstein no Brasil

24/9/2008
Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Criada pelo Museu Americano de História Natural, em Nova York, a exposição Einstein ganhou uma versão brasileira que será aberta ao público nesta quarta-feira (24/9), em São Paulo, no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera. Os organizadores esperam receber de 300 mil a 400 mil visitantes até o encerramento, no dia 14 de dezembro.

Exposição criada pelo Museu Americano de História Natural é aberta em São Paulo, com muita interatividade para explicar a revolução científica promovida pelo físico alemão e destaque para a importância do país na Teoria da Relatividade (divulgação)

Apresentando objetos pessoais, fotos, cópias de cartas e manuscritos de Albert Einstein (1879-1955), a exposição aposta na interatividade e na tecnologia para explicar conceitos científicos relacionados às inúmeras contribuições do físico.

Trazida pela primeira vez ao hemisfério Sul, a mostra foi inaugurada em Nova York em 2002 e já recebeu mais de 2 milhões de pessoas nos Estados Unidos, Turquia e Israel.
O espaço da exposição também abrigará, nos fins de semana, um amplo ciclo de palestras relacionadas ao tema, com organização da revista Pesquisa FAPESP. A mostra, instalada em uma área de 2 mil metros quadrados, foi trazida ao Brasil por intermédio do Instituto Sangari, com apoio de diversas empresas e instituições, incluindo a FAPESP. O orçamento, segundo os organizadores, ficou entre R$ 4,5 milhões e R$ 5 milhões.

O coordenador-geral da exposição é Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor científico do Instituto Sangari. Segundo ele, a versão norte-americana da exposição recebeu adaptações e acréscimos.

“Os painéis interativos foram elaborados pela equipe brasileira. Além disso, praticamente todos os textos foram recriados e ainda foram acrescentadas duas instalações que não existiam originalmente: a seção “Átomo” e a seção “Einstein no Brasil”, disse Knobel à Agência FAPESP.

A comissão científica foi formada por Carmen Prado, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Nelson Studart, do Departamento de Física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Alfredo Tomalsquim, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio de Janeiro.

Uma exposição realizada pelo Mast também teve elementos integrados à mostra. “Incluímos diversos aspectos relacionados ao Brasil e melhoramos bastante também a parte relacionada ao legado de Einstein. O texto foi sintetizado, já que a versão original era bastante prolixa. Havia aspectos que interessavam mais ao público norte-americano e que foram atenuados, como a perseguição de Einstein pelo movimento anticomunista do macartismo”, explicou Knobel.

A mostra não se restringe à compreensão das teorias desenvolvidas pelo físico alemão, mas apresenta também diversas dimensões de sua vida, como as viagens, os casamentos, a atuação pacifista durante a Segunda Guerra Mundial e a luta contra o racismo.

“A exposição é voltada não só para quem gosta de física, mas também para quem se interessa por saber mais sobre o mundo em que vivemos. A idéia não é que o visitante saia dominando conceitos da física, mas que saia com número ainda maior de perguntas, estimulado a saber mais”, destacou Knobel.

O professor da Unicamp ressaltou que a física desenvolvida depois da revolução desencadeada pelas descobertas de Einstein ainda não é ensinada nas escolas. Segundo ele, o conteúdo oferecido no ensino médio parou na física de Isaac Newton.
“Não se aprende nada de física quântica ou de relatividade no ensino médio. No entanto, ainda que pareça incrível, a matemática utilizada para entender a relatividade não é tão complexa – ela pode ser toda demonstrada apenas com o teorema de Pitágoras. O que provoca um nó na cabeça são as conseqüências extraídas dessa teoria. Isso fica claro na exposição”, afirmou.

Eclipse em Sobral

O percurso da exposição é dividido em dez blocos temáticos, nos quais se entrelaçam aspectos biográficos e científicos relacionados a Einstein: “Vida e tempo”, “Luz”, “Tempo”, “Átomos”, “Energia”, “Gravidade”, “Guerra e paz”, “Cidadão global”, “Legado” e “Einstein no Brasil”.

Escolas e grupos de estudantes poderão agendar visitas monitoradas por educadores especializados. A exposição oferece um curso gratuito para os educadores, no qual são fornecidos subsídios teóricos para a preparação das visitas com os alunos e para o trabalho em sala de aula. No percurso da mostra foram montados dois Laboratórios do Aprendizado, nos quais os estudantes poderão participar de atividades que abordam alguns dos conceitos apresentados.

Um dos laboratórios permite ver, com o auxílio de microscópios, o movimento browniano descrito por Einstein em 1905. No outro laboratório são exploradas as propriedades da luz, por meio de experimentos de espectroscopia óptica.

Uma das curiosidades da exposição é a relação do Brasil com o episódio que tornou Einstein uma celebridade mundial. Em 29 de maio de 1919, a observação de um eclipse feita em Sobral, no Ceará, e na ilha de Príncipe, na África, mostrou que a gravidade do Sol agia como uma lente, desviando a luz das estrelas distantes que apareciam no céu em posições diferentes das originais. Era a confirmação de uma previsão feita por Einstein em 1916, corroborando a Teoria da Relatividade Geral.

De acordo com as informações da exposição, em 7 de novembro de 1919 o jornal Times, de Londres, anunciava: “Revolução na ciência. Nova teoria do Universo. Idéias de Newton derrubadas”. E Einstein, do dia para a noite, tornava-se mundialmente conhecido.

A mostra inclui objetos do acervo pessoal do físico, como fotos em momentos de lazer, ou recebendo o prêmio Nobel, além de reproduções das cartas trocadas com Sigmund Freud – nas quais Einstein exortava o psicanalista a juntar esforços e usar a influência política de ambos para lutar contra a guerra. Outra correspondência célebre foi com o também físico Niels Bohr, que em uma das cartas troca farpas com Einstein, referindo-se à celebre frase desse último: “Deus não joga dados”.

Trechos dos diários de Einstein são apresentados, incluindo anotações sobre sua visita ao Rio de Janeiro: “Deliciosa mistura étnica nas ruas. Portugueses, índios e negros em todos os cruzamentos. Espontâneos como plantas, subjugados pelo calor. Experiência fantástica. Uma indescritível abundância de impressões em poucas horas”, escreveu.

Estão presentes na exposição painéis explicativos e interativos sobre os conceitos relacionados a buracos negros, efeito fotoelétrico, reflexões sobre a luz e o tempo, gravidade, curvatura do espaço-tempo e a Teoria da Relatividade.

A instalação “Teia de luz” propõe ao visitante o desafio de atravessar uma sala cortada por feixes de luz sem tocá-los. Uma obra do artista Guto Lacaz demonstra que o ritmo com que flui o tempo depende do referencial e da velocidade do observador.
A instalação interativa “Máquina do tempo” exibe a variação da passagem do tempo proporcional à velocidade relativa do visitante que, ao fornecer a data de nascimento, pode observar em vários relógios que idade teria se estivesse viajando em diferentes frações da velocidade da luz.

Outro destaque, na seção “Legado”, é a “Harpa de Luz”, instalação da artista Rejane Cantoni que remete às inspirações artísticas provenientes das teorias de Einstein. A mostra apresenta também um painel com cartas escritas ao cientista por crianças de sua época.

Museu nacional de ciências

De acordo com o presidente do Instituto Sangari, Ben Sangari, a instituição planeja criar no Brasil um museu de história natural de classe mundial, nos moldes do existente em Nova York.

“O Brasil é um país que cresce rapidamente e já é um dos mais importantes do planeta. No entanto, é a única das grandes economias do mundo que ainda não tem um museu nacional de ciências. Estamos trabalhando para a criação do primeiro”, destacou.

Segundo Sangari, o museu, que deverá ser criado em São Paulo, seria não apenas um pólo de pesquisa e conhecimento, mas também uma importante fonte geradora de trabalho e de renda para a cidade.

“O impacto sobre o turismo seria considerável. O Museu Americano de História Natural é o terceiro local de maior visitação nos Estados Unidos, depois de dois parques da Disney. Em São Paulo, um museu desses poderia ser um ímã para o turismo na América Latina, já que seria o maior museu do continente”, afirmou Sangari.

Segundo Sangari, já há empresas interessadas em financiar o projeto. “A parte mais difícil é criar uma ponte para parcerias institucionais e internacionais que viabilizem o projeto, o que caberia a nós. Achamos que há condições para a criação de um museu monumental em São Paulo, que atrairia de 3 a 4 milhões de visitantes anualmente”, disse.

Mais informações no site do Instituto Sangari.

EXTRA! EXTRA! O DNA ‘lixo’ é funcional e revela diferenças genéticas entre humanos e macacos

Pesquisa desafia dois ícones da evolução: o DNA ‘lixo’ é funcional mostra ‘surpreendentes’ diferenças genéticas entre humanos e macacos

Em 2004, o cientista cognitivo Keith E. Stanovich tomou a posição de que o DNA ‘lixo’ “é essencialmente um parasita”, e que o “DNA lixo é um quebra-cabeças somente se nós estivermos nos apegando à pressuposição de que os nossos genes estão lá para fazer alguma coisa por nós.”1

Em 2006, Michael Shermer asseverou, “Em vez de ter sido planejado inteligentemente [intelligently designed], o genoma humano parece cada vez mais como um mosaico de mutações, cópias de fragmentos, seqüências emprestadas, e porções descartadas de DNA que foram amontoados ao longo de milhões de anos de evolução.”2

No ano seguinte, um livro-texto de fisiologia humana declarou que “o DNA lixo” é “considerado defeituoso” e é feito de “seqüências herdadas [que] não realizam nenhum propósito ‘geneticamente útil’ atualmente conhecido, mesmo assim eles continuam fazendo parte dos cromossomos.”3

Estas fontes promovendo o ícone clássico do neodarwinismo do “DNA lixo” precisam ser atualizadas, conforme um comunicado à imprensa pela Yale University do começo deste mês relembra o fato que “[nos] últimos anos, os cientistas descobriram que as regiões não codificadoras do genoma, longe de ser lixo, contém milhares de elementos reguladores que agem como ‘chaves comutadoras’ genéticas para ligar e desligar genes.” Neste caso, o lixo ativou os genes que controlam o desenvolvimento do dedo e do pé humano.

Mas isto não foi a única descoberta interessante que eles fizeram. De acordo com o artigo, descobrindo estas diferenças genéticas foi “especialmente surpreendente, pois os genomas humano e de chimpanzés são extremamente similares overall.”

A maioria das pesquisas tem afirmado que os humanos e os macacos têm genomas quase idênticos consideraram principalmente nas porções de codificação de genes do genoma, e não o DNA não-codificante (antes considerado como “lixo”). Talvez na medida em que os biólogos pesquisem as regiões não-codificantes de nosso genoma, eles descobrirão evidências que desafiam dois ícones da evolução: Não somente o DNA “lixo” tem função, mas os humanos não são geneticamente similares aos macacos como já foi considerado.

Referências citadas:

[1.] Keith E. Stanovich, The Robot's Rebellion: Finding Meaning in the Age of Darwin, p. 16-17 (University of Chicago Press, 2004).

[2.] Michael Shermer, Why Darwin Matters: The Case Against Intelligent Design, p. 75 (Times Books 2006).

[3.] William D. McArdle et al., Exercise Physiology: Energy, Nutrition, and Human Performance, p. 1024 (Lippincott Williams & Wilkins, 2007).

Postado por Casey Luskin 24 de setembro de 2008 11:07 AM | Permalink

Pensando a evolução: as visões extremas ficaram de fora

terça-feira, setembro 23, 2008

JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.

23. Pensando a Evolução: Número especial da revista Ciência & Ambiente

Entre 1858 e 1859, o naturalista inglês Charles Darwin apresentou e publicou sua teoria da evolução que, 150 anos depois, ainda suscita reações bastante diversas, favoráveis e contrárias, porém sempre apaixonadas

Dada a conhecer à comunidade científica e ao público em geral, a teoria darwinista nunca mais deixou de estimular a imaginação das pessoas, exatamente por representar uma completa reviravolta na compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor.

Se, num primeiro momento, o evolucionismo irritava a alguns por criar um distanciamento da idéia de que seríamos criaturas talhadas à imagem e semelhança de um Criador, sugerindo que o ser humano tem uma origem animal, na atualidade parece causar incômodo por indicar uma base biológica para todo comportamento humano, concepção reforçada pela genética.

Reconhecendo o significado e a atualidade do tema, Ciência & Ambiente, em sua 36ª edição, reúne 11 artigos que discutem o pensamento evolutivo a partir de uma multiplicidade de perspectivas conceituais.

Busca-se, portanto, mostrar a diversidade de olhares sobre a evolução que, segundo o físico austríaco Ludwig Boltzmann, era a teoria científica mais importante do século XIX, importância que permanece preservada até os dias atuais.

Editor: Delmar Bressan

Editores convidados: Antonio Augusto Videira, Charbel El-Hani e Elgion Loreto

Autores: Antonio Augusto Passos Videira, Carlos Roberto Fonseca, Charbel Niño El-Hani, Claudia Sepúlveda, Dalton de Souza Amorim, Francisco Mauro Salzano, João Paulo Schwarz Schüler, Karla Chediak, Leonardo Rogério Miguel, Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, Maria Cátira Bortolini, Nelio Bizzo, Paulo Cesar Coelho Abrantes, Renato Zamora Flores.

Outras informações podem ser obtidas pelo endereço eletrônico ambiente@ccne.ufsm.br ou mediante consulta à página da revista na Internet.

Migrar ou não migrar, eis a questão controversa

JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.

17. Humanos não ficaram na Beríngia por 20 mil anos, diz estudo

Para grupo brasileiro, modelo de povoamento das Américas em três etapas ainda é válido, o problema é saber com precisão as idades de todas migrações

Eduardo Geraque escreve para a “Folha de SP’:

Em se tratando da história da ocupação humana das Américas a discórdia científica está sempre presente. Desta vez, o grande problema é o número de anos que os humanos teriam ficado estacionados na Beríngia -zona atualmente submersa que ligava os continentes asiático e americano.

Para Sandro Bonatto, geneticista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e seus colaboradores está errado quem defende que os humanos permaneceram uns 20 mil anos estacionados na mesma região, depois de terem deixado a Ásia e antes de migrarem em definitivo para o norte da América do Norte.

"Hoje nós sabemos, via dados genéticos, que eles ficaram um tempo parados na Beríngia. Mas só dá para dizer que isso foi por mais de 5 mil anos", disse Bonatto à Folha. O cientista explicitou sua desconfiança em apresentação feita no 54º Congresso Brasileiro de Genética, realizado na semana passada em Salvador (BA).

Segundo o grupo gaúcho, que também publicou um artigo sobre o mesmo tema na revista científica "PLoS One" do dia 17 de setembro, isso não invalida o modelo de ocupação das Américas conhecido no meio científico como o do de três estágios. Porém, ainda faltam dados para que todas as datas das migrações sejam estabelecidas.

A crítica científica feita por Bonatto em Salvador é destinada a um trio de cientistas da Universidade da Flórida (EUA). Foram os três que calcularam, no início deste ano, a estadia dos humanos na Beríngia em 20 mil anos.

Porém, o mesmo grupo, em outro artigo também publicado na "PLoS One" na semana passada, reconhece os erros de cálculo. Eles admitiram terem usado, por engano, amostras de não americanos na pesquisa.

"Sobre os três estágios, é possível dizer que os humanos começaram a migrar na Ásia há mais de 40 mil anos e, depois, entraram nas Américas há 18 mil anos", diz Bonatto. Segundo o cientista, o grande problema é dizer quando o segundo estágio (a chegada na Beríngia) realmente teria começado.

Mesmo errando no cálculo dos 20 mil anos, o grupo da Flórida, no seu mais recente artigo, estima a permanência na Beríngia entre 30 mil e 16 mil anos. A discórdia, portanto, ainda não acabou.

Índios do Chaco

A bióloga Sídia Callegari-Jacques, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), também usou sua apresentação no Congresso de Genética para levantar outro debate.

Para ela, existem dados genéticos suficientes para afirmar que a América do Sul tem três grupos gênicos de índios.

Além dos grupos bastante conhecidos da zona andina e da zona amazônica, Callegari-Jacques afirma que existe possivelmente um terceiro, no centro-sul da América do Sul, onde está o Chaco argentino.

"E alguns marcadores genéticos mostram que os índios desse grupo do Chaco estão mais perto dos indígenas dos Andes do que dos amazônicos."
(Folha de SP, 22/9)

Nois é Neandertal, mas nois num é Jeca, sô!

JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.

Espécie tinha técnica de caça evoluída, afirma estudo

Um estudo em jazidas do penhasco de Gibraltar, no sul da Península Ibérica, revelou que os neandertais também caçavam mamíferos marítimos e demonstrou que eles e os homo sapiens, que vieram logo depois, "quase não diferiam" em seu comportamento.

A pesquisa realizada por cientistas britânicos e espanhóis começou em 1995. Seus resultados mostram que os neandertais tinham uma estratégia de sobrevivência mais complexa e superior ao que cogitava a comunidade científica.

O estudo, publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, oferece novas provas para acabar com a idéia de que o Homo sapiens foi o único grupo capaz de explorar todos os recursos naturais, até os marítimos, informa em nota divulgada ontem o Centro Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha.

Segundo o estudo, os neandertais não só exploravam os recursos terrestres, mas possuíam conhecimento sobre a reprodução das focas e aproveitavam esse período para ocupar duas cavernas do penhasco: Vanguard e Gorham.

Em Vanguard, os paleontólogos descobriram vestígios de pelo menos três ocupações do grupo. Eles encontraram restos ósseos de focas que apresentavam marcas produzidas pela utilização de instrumentos de pedra para extrair a pele e a carne e, depois, quebrar os ossos para extrair a medula. Também foram encontrados restos de mamíferos marítimos de 28 mil anos em Gorham, associados à atividade predatória de neandertais.

Segundo o CSIC, isso indica o tempo em que eles estiveram na região e, possivelmente, constitui a última presença de neandertais conhecida antes de sua extinção.

Os pesquisadores sugerem ainda que a sobrevivência dos neandertais até tempos tardios em Gibraltar poderia ser conseqüência direta da boa adaptação ao meio e, portanto, "ao êxito de uma estratégia econômica, social e cultural complexa".

Além disso, há evidências do uso do fogo para facilitar a extração de nutrientes, assim como indícios sobre sua alimentação, como suas próprias mordidas em determinadas presas. (Da EFE)
(O Estado de SP, 23/9)

Hay que hacer ciencia sin plata, pero com ternura!

JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.

12. Evento de popularização da Ciência recebe inscrição de resumos


XI Reunião da Rede de Popularização de Ciência e Tecnologia para América Latina e Caribe (RedPOP) e o V Workshop “Ciência, Comunicação e Sociedade” acontecem de 26 a 29 de maio de 2009, em Montevidéu, Uruguai

Nesta edição, o tema central do evento será “Identidade e construção de cidadania” e os interessados podem enviar até 30 de novembro trabalhos referentes a cinco áreas temáticas: museologia e museografia; educação não-formal em ciência e tecnologia; produção de materiais para a popularização de C&T; jornalismo científico; e profissionalização da divulgação científica.

Os trabalhos podem ser em comunicação oral ou pôster. A programação do evento contará, também, com cursos prévios de formação de popularizadores.

A reunião contará, ainda, com um outro evento simultâneo, a Reunião Geral da Rede de Medição do Impacto da Popularização de Ciência e Tecnologia na Qualidade de Vida da Ibero-américa do Programa Ibero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Remipcyt/Cyted).

Os participantes – expositores de trabalhos ou não – deverão arcar com os custos de viagem, estadia e registro no evento. Não haverá bolsas disponíveis para apoio aos participantes.

Até 15 de março, as inscrições custarão US$ 110 para membros da RedPOP e US$ 140 para não membros. Após esta data, os preços passam para US$ 190 e US$ 230, respectivamente. Já os estudantes pagam US$ 25.

O evento é organizado pela Rede de Popularização de Ciência e Tecnologia para América Latina e Caribe (RedPOP), o Programa Ibero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted), Ciencia Viva (Uruguai), Espacio Ciencia (Uruguai), Museu da Vida (Brasil), SciDev.Net (Reino Unido) e Cientec.

Informações sobre o envio de trabalhos, acesse aqui.

Demais informações aqui.

Oia o Uberabatitan ribeiroi na fita, uai!

JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.

9. Descoberto em Minas Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro

O estudo de detalhes de seus elementos ósseos permite afirmar que poderia atingir de 15 a 20 metros de comprimento, 3,5 metros de altura e peso estimado entre 12 e 16 toneladas

A parceria entre o Depto. de Geologia da UFRJ, o Museu dos Dinossauros de Uberaba, e a Universidad Nacional del Comahue, Argentina, com apoio da Faperj e Fapemig, apresentará nesta quarta-feira, 24/9, às 10h, na Casa da Ciência da UFRJ, réplica do maior dinossauro brasileiro Uberabatitan ribeiroi, fóssil descoberto em Uberaba, Minas Gerais.

Os dados são proporcionais ao tamanho do animal: sua descoberta é resultado da maior escavação paleontológica já realizada no país, que durou quatro anos, envolveu a maior equipe de especialistas brasileiros para sua reconstituição, representa uma das mais relevantes descobertas paleontológicas feitas no país e constitui o maior dinossauro já descrito no Brasil.

Durante a escavação foram encontrados 198 fósseis de três indivíduos, sendo um pequeno, um médio e um de grande porte. O último e o maior dos dinossauros do Brasil viveu há 65 milhões de anos e foi reconstituído usando como referência uma réplica do indivíduo de porte médio, a partir da cópia de dezenas de fósseis e de uma reconstrução digital dos elementos não encontrados.

O estudo de detalhes de seus elementos ósseos permite afirmar que poderia atingir de 15 a 20 metros de comprimento, 3,5 metros de altura e peso estimado entre 12 e 16 toneladas.

A exposição estará aberta ao público de 25 de setembro a 24 de outubro. De terça a sexta, das 9 às 20h e sábados, domingos e feriado, das 10 às 20h, na Casa da Ciência, que fica na Rua Lauro Muller, 3 – Botafogo.
(Informações da Assessoria de Comunicação da Faperj)

“Fé” na evolução? Parem a ciência que eu quero descer!

Geralmente em debates quando se levanta a questão da origem da vida, os darwinistas ortodoxos fundamentalistas xiitas dizem que isto é irrelevante na questão da evolução. Não é irrelevante. Se fosse, nossos melhores autores de livros-texto de Biologia do ensino médio como Amabis & Martho e outros autores abalizados, não trariam mais a evolução química precedendo a evolução biológica nos seus livros didáticos.

Que a origem da vida é uma questão relevante na temática da origem e evolução da vida fica bem patente nesta pérola de citação por um escritor científico:


“Eu acho falso argumentar que a origem da vida é irrelevante para a evolução. Ela não é menos relevante do que o Big Bang é para a física ou a cosmologia. A evolução deveria ser capaz de explicar, em teoria pelo menos, desde o começo até o primeiro organismo que podia se replicar através de processos biológicos ou químicos. E compreender completamente aquele organismo, nós simplesmente teríamos que saber o que veio antes dele. E agora mesmo nós nem estamos próximo disso. Eu creio que uma explicação material será encontrada, mas aquela confiança vem da minha fé que a ciência é suficiente para a tarefa de explicação, em termos puramente material ou naturalista, toda a história da vida. A minha fé está bem fundamentada, mas ainda é fé.” [1]

Uau! Fé na ciência? Mas que contra-senso, seu Slack? Você não foi um pouco “descuidado”, “negligente”, “lerdo”, “relaxado”, “desmazelado”, “frouxo demais”, “relapso”, “frouxo” [2] nesta sua “declaração de fé” na descrição aproximada da realidade fugaz e extremamente complexa dos fenômenos naturais que se deixam conhecer tão-somente em parte? Sr. Slack, felizmente, ainda bem, apesar da sua infeliz declaração, o máximo que a Nomenklatura científica irá fazer é puxar o seu “slack”, mas ela é antropofágica e destruidora de carreiras acadêmicas dos oponentes e críticos dos paradigmas dominantes. Dos que ousam criticá-la, capice?

Paradigmas são pipas, papagaios, pandorgas, maranhões que os ventos epistêmicos atuais favorecem e alçam vôos magistrais e embelezam o céu acadêmico, até que surgem os ventos contrários das evidências no contexto de justificação teórica, e outros moleques vão empinar suas novas pipas, papagaios, pandorgas e maranhões.

Sr. Slack, a ciência é isso: empinar pipas enquanto os ventos são favoráveis.

Rubem Alves, filósofo e educador (Unicamp), diz que paradigmas são redes de pescar...

“Fé” na evolução? Parem imediatamente a ciência que eu quero descer! Aliás, eu já desci faz tempo. Em Piracicaba, 1998, após ler o livro “A caixa preta de Darwin”, de Michael Behe (Rio de Janeiro, Zahar, 1997)... este livro pode ser comprado na Livraria Cultura.


NOTA:

1. “I think it is disingenuous to argue that the origin of life is irrelevant to evolution. It is no less relevant than the Big Bang is to physics or cosmology. Evolution should be able to explain, in theory at least, all the way back to the very first organism that could replicate itself through biological or chemical processes. And to understand that organism fully, we would simply have to know what came before it. And right now we are nowhere close. I believe a material explanation will be found, but that confidence comes from my faith that science is up to the task of explaining, in purely material or naturalistic terms, the whole history of life. My faith is well founded, but it is still faith.” — Gordy Slack, um escritor de ciência, evolucionista.

2. Todos os termos entre aspas são significados da palavra “slack” em inglês.

Theoria perennis

Não existe Theoria perennis em ciência. Para os que pensam o contrário, nada melhor do que uma dose de humor. Sorry, periferia, mas está em inglês.

Wallace, um naturalista em sintonia com Darwin pero no mucho

sábado, setembro 20, 2008

O pequeno artigo do Prof. Dr. Ildeu de Castro Moreira, do Instituto de Física e Área Interdisciplinar de História da Ciência, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e as colaboradoras Kátia Mansur (Departamento de Recursos Minerais/RJ) e Luisa Massarani (Museu da Vida/Fiocruz) publicado na revista REVISTA CHC 194, Setembro de 2008 está bem elaborado, mas o título, historicamente, não corresponde com a realidade dos fatos. Depois explico.

Leia a seguir o texto do Prof. Dr. Ildeu de Castro Moreira e sua colaboradoras, e depois este blogger vai destacar alguns aspectos que foram omitidos. Eu sei que o texto foi escrito para as crianças, mas a verdade histórica também vale para elas quanto para os adultos.

Alfred Wallace, um naturalista em sintonia com Darwin

Conheça o outro autor da teoria da evolução pela seleção natural

Alfred Wallace foi o outro autor, junto com Darwin, da teoria da seleção natural. Nasceu na Inglaterra, em 1823. De família pobre, teve de deixar a escola, com 13 anos, para trabalhar. Gostava de coletar plantas e ficava se perguntando sobre como surgiram os animais e as plantas.

Ficou amigo de Henry Bates, um jovem colecionador de besouros, e resolveram viajar juntos para a Amazônia, em 1848. Wallace ficou ali por quatro anos. Sobrevivia do dinheiro da venda de insetos, pássaros e outros animais, que capturava com a ajuda de guias nativos, índios e escravos, e que enviava para Londres. Fez duas expedições ao Alto Rio Negro; desenhou palmeiras e muitas espécies de peixes, muitas delas desconhecidas pela ciência. Ficou fascinado quando encontrou com índios isolados dos brancos.

Começou a desenvolver suas idéias sobre a evolução da vida ao observar como as diferentes espécies animais, como as dos macacos, se distribuem geograficamente na Amazônia. Ao retornar para a Inglaterra, em 1852, o barco naufragou, mas ele sobreviveu, só que perdeu quase tudo o que havia recolhido.

Dois anos depois, foi para o Arquipélago Malaio. Descobriu inúmeras espécies novas de insetos e de pássaros; estudou, também, o orangotango. Em 1858, escreveu uma carta a Darwin com a idéia da seleção natural para explicar como surgem as novas espécies de plantas e de animais. Darwin, que ainda não havia publicado nada sobre a teoria, ficou muito surpreso.

Os trabalhos dos dois cientistas, que ficaram muito amigos, foram apresentados em Londres, no dia 1º de julho de 1858. Nasceu, assim, a teoria da evolução pela seleção natural. Wallace viveu ainda muitos anos fazendo pesquisas, escrevendo livros e atuando em defesa da paz e dos mais pobres. Morreu em 1913, com 90 anos de idade.


Ildeu de Castro Moreira
Instituto de Física e Área Interdisciplinar de História da Ciência
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Com a colaboração de Kátia Mansur (Departamento de Recursos Minerais/RJ)
e Luisa Massarani (Museu da Vida/Fiocruz)

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NOTAS IMPERTINENTES DESTE BLOGGER:

1. A partir da terceira edição do Origem das Espécies (26 de abril de 1861) é que Darwin reconhece outros autores da idéia de “seleção natural”.

2. Neste seu livro Darwin tentou explicar a origem das espécies através da seleção natural, mas desde a primeira edição (26 de novembro de 1859) ele destacou que a evolução ocorria e que a seleção natural apesar de ser o mais importante processo, não era o único. Como classificar então sua teoria de evolução em relação às demais que tinham sido propostas muito antes de Darwin e Wallace, se a seleção natural não é a vera causa da evolução?

3. O Origem das Espécies sofreu cinco revisões, e em cada uma delas, ao responder seus críticos, Darwin se comprometia e enfraquecia cada vez mais o poder criativo da seleção natural.

4. Wallace, ao contrário do sugerido pelo título do artigo do Dr. Ildeu, divergiu de Darwin em relação ao poder criativo da seleção natural. Wallace foi um dos poucos naturalistas da época que continuou acreditando no poder da seleção natural até o fim de sua vida.

5. Wallace também divergiu de Darwin quanto ao poder da seleção natural explicar a mente e a alma humana. A teoria da seleção natural de Darwin era estritamente naturalista, a de Wallace não admitia isso em relação ao ser humano. Darwin escreveu uma carta para Wallace afirmando que ele (Wallace) poderia matar “o nosso filho” [a teoria da evolução através da seleção natural] com idéias que divergiam das de Darwin.

O CHC deve reportar história da ciência, mesmo que seja para as crianças, com mais rigor historiográfico.

Fui, indignado com esta versão sanitizada da relação de Darwin e Wallace e da suposta compatibilidade teórica desses dois naturalistas em relação à seleção natural.

Nem Darwin, nem Huxley, nem Hooker, muito menos Lyell acreditavam no poder criativo da seleção natural ser o mecanismo evolutivo par excellence. Apenas Wallace permaneceu fiel à seleção natural até o fim de sua vida.

Estranho, muito estranho: Por que dois físicos escrevem apologeticamente em favor de Darwin? Não há biólogos capazes que possam fazer isso no Brasil? É o medo de se expor às críticas?

O fato, Fato, FATO da evolução cósmica corroborado por Darwin

Faz muito tempo que eu li a arrogância e a profunda ignorância de alguns cientistas e meninos e meninas da galera de Darwin afirmarem que o fato, Fato, FATO da evolução era tão certo assim como a lei da gravidade. Eu sempre afirmei aqui que os biólogos lançam mão da física para corroborarem a teoria da evolução biológica, mas que eu nunca tinha visto um físico fazer um paralelo entre a evolução cósmica e a evolução biológica, isto é, lançar mão da biologia para corroborar uma teoria da física.

Pois é, gente, mais uma predição minha que, parece, deu com os burros epistêmicos na água. Será? O Prof. Adilson de Oliveira, do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos escreveu o seguinte texto sobre a evolução cósmica traçando o paralelo entre o desenvolvimento da vida na Terra e as transformações do universo.

Depois eu farei algumas perguntas para ver se a analogia do Prof. Adilson se sustenta tendo em vista que o fato, Fato, FATO da evolução desde 1859 ainda não foi comprovado no contexto de justificação teórica. Razão? A teoria geral da evolução é uma teoria histórica de longo alcance e isso torna esta teoria científica de difícil comprovação. E nós estamos falando somente de uns 3.5 bilhões de anos. E a evolução cósmica também não é uma teoria histórica de longo alcance? Bota longo alcance nisso: uns 15 bilhões de anos atrás. QED: Muito mais difícil de ser comprovada do que a merreca temporal dos 3.5 bilhões de anos para que a evolução biológica tivesse ocorrido.

Mas o que um pequeno milagre epistêmico de um artigo não faz socorrendo essas teorias históricas de longo alcance, não é mesmo? Será que a cosmologia quântica já explicou agora a emergência do universo e por que ele existe? Qual seria o paralelismo do fato, Fato, FATO da evolução cósmica depender do fato, Fato, FATO da evolução biológica?

A analogia em ciência, segundo Darwin, é uma faca de dois legumes. E o prof. Adilson foi infeliz, como físico, ao fazer esta analogia ridícula onde a física, ciência que tem leis, foi buscar corroboração epistêmica numa ciência que tem apenas princípios, mas nenhuma lei: a biologia evolutiva é uma ciência histórica. Não é “hard science”. Sem crise emocional gente, a biologia evolutiva não é “hard science”. Ponto final.

Faca de dois legumes? Acho que o espírito do saudoso Vicente Matheus, eterno presidente do meu glorioso Corinthians “baixou” em mim... E não adianta, ninguém tasca o título da segunda divisão, o único e o mais importante título que nos falta!

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A evolução cósmica

Adilson de Oliveira
Departamento de Física
Universidade Federal de São Carlos

Colunista traça paralelo entre o desenvolvimento da vida na Terra e as transformações do universo

As transformações fazem parte da nossa vida. Da concepção, que começa com uma única célula, à nossa morte, que resulta de uma falha fatal em algum órgão vital, cumprimos um ciclo. Cada indivíduo tem o seu. Durante a vida, experimentamos inúmeras situações, passamos por diferentes alegrias e tristezas. Todos esses eventos influenciam a trajetória que percorremos durante a nossa existência.

Os processos de transformação fazem parte da natureza. Tudo o que existe ao nosso redor também se altera, seja pela ação das forças naturais ou pela intervenção direta do homem. Em particular, devido ao ritmo acelerado dos dias atuais, as mudanças ocorrem de maneira cada vez mais rápida e intensa. Em escala de apenas algumas décadas, percebemos o quanto nosso mundo mudou e quanto ainda vai mudar no futuro próximo.

Hoje sabemos que todos os seres vivos do planeta são fruto de um processo de evolução. Do ponto de vista biológico, a evolução pode ser entendida como o conjunto de mudanças das características transmitidas hereditariamente de uma geração para a outra em um determinado grupo de organismos. Esse processo permitiu o surgimento de toda a diversidade biológica da Terra a partir de uma origem comum, há bilhões de anos.

Há milênios sabemos que o mundo também muda. Entretanto, os povos antigos, ao olhar para o céu, tinham a sensação oposta: ele parecia imutável e inabalável com o passar do tempo. As estrelas estavam sempre brilhando da mesma maneira e estáticas umas em relação às outras. Apenas alguns corpos errantes viajavam entre as estrelas, mas, mesmo assim, seus movimentos eram periódicos. Esses corpos errantes são os planetas, que, como a Terra, descrevem uma trajetória elíptica ao redor do Sol. A combinação dos movimentos da Terra e dos planetas gera as peculiares trajetórias desses astros nos céus.

Embora as estrelas do céu ainda nos pareçam imutáveis, sabemos que elas também evoluem. As estrelas nascem, desenvolvem-se e depois morrem. As estrelas nascem de gigantescas nuvens de gás e poeira denominadas nebulosas, que chegam a atingir anos-luz de extensão. A partir da condensação da matéria no interior das nebulosas é que se formam as estrelas. Quando estas adquirem determinada quantidade de massa, a pressão no núcleo estelar fica tão grande que desencadeia reações de fusão nuclear, que fornecem energia para as estrelas. Vimos alguns detalhes desse processo na coluna de novembro de 2007.

Universo em expansão

O universo como um todo também está em evolução. No início do século 20, o astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) mediu a distância de algumas galáxias e descobriu que elas estavam se afastando umas das outras a enormes velocidades, indicando que o universo estava em expansão.

Como não há um centro privilegiado no universo, as galáxias se afastam de forma similar a manchas na superfície de um balão que está sendo inflado. As galáxias não viajam por um espaço vazio, mas o próprio espaço é que está se expandindo. Como conseqüência, a separação entre as galáxias é que aumenta. Não percebemos isso na escala humana e mesmo para objetos como as estrelas, porque as forças de coesão da matéria são muito mais intensas que esse efeito.

Esse fato estava previsto nas equações da teoria da relatividade geral de Albert Einstein (1879-1955), que utilizamos para descrever os efeitos gravitacionais, principalmente nas escalas cosmológicas. Contudo, quando publicou a teoria, Einstein ignorou esse resultado e fez uma correção, adicionando um termo para compensar a expansão do universo, pois, naquela época, acreditava-se que o universo era estático. Após a descoberta de Hubble, Einstein reconheceu que esse foi o seu maior erro.

Como o universo está em expansão, tudo o que existe deveria estar concentrado em uma única região em um passado remoto. Esse estado inicial, de densidade e temperatura infinitas, definido como singularidade, “explodiu” e deu origem ao universo. Esse evento – que chamamos de Big Bang (em inglês, a "grande explosão") – ocorreu há 14 bilhões de anos. Após esse instante, o universo começou a sua expansão e, como conseqüência, sua temperatura diminuiu.

Durante a expansão, a energia liberada na forma de radiação “esfriou” até transformar-se em radiação de fundo residual, que foi primeiramente observada pelos físicos norte-americanos Arno Penzias (1933-) e Robert Wilson (1936-) em 1965, com uma temperatura equivalente a cerca de 2,7 K (-266ºC). Esse fato ocorreu quando o universo era um “bebê de colo”, com apenas 300 mil anos.

Mas o que causou essa expansão? Como teria se iniciado esse processo? Nesse momento, ainda não temos resposta para essa questão. Existem apenas especulações, mas nenhuma certeza absoluta.

A inflação do universo

Uma teoria possível para explicar esses primeiros instantes do universo após o Big Bang é a chamada “teoria do universo inflacionário” (nada a ver com a inflação da economia que todos conhecemos). Segundo esse modelo, quando o universo tinha menos de um segundo, ele cresceu repentinamente a um fator de 10 70 (um seguido de 70 zeros).

Uma das evidências desse acontecimento seria o fato de o universo ser espacialmente homogêneo e isotrópico. Ele não teria essa característica se, em algum momento, suas diferentes partes não tivessem se comunicado casualmente umas com as outras. A inflação seria um possível mecanismo capaz de permitir esse efeito. Após esse fenômeno, o universo expandiu-se de forma mais lenta. Mas ainda é necessário descobrir o que deu início à inflação e à expansão.

Observações feitas nas últimas décadas mostram que a taxa de expansão do universo tem acelerado, como se houvesse uma força de repulsão gravitacional. Embora pareça estranho, uma força gravitacional repulsiva é compatível com a teoria da relatividade geral. Para tal, é necessário que a densidade de energia do universo seja dominada por uma matéria exótica, que gere uma pressão negativa no espaço. Esse tipo de efeito poderia ser produzido pela chamada “energia escura”, que também não é bem entendida ainda.

Algumas modificações nos modelos existentes devem acontecer nas próximas décadas ou novos resultados experimentais devem confirmar algumas dessas idéias. Em particular, com a entrada em funcionamento do LHC grande colisor de hádrons, em inglês), os cientistas poderão recriar na escala do laboratório situações semelhantes ao evento do Big Bang e talvez algumas dessas questões sejam esclarecidas e outras novas surgirão.

Nosso cotidiano se transforma rapidamente em meses e anos. A evolução biológica ocorre em tempos da ordem de milhares ou milhões de anos. A evolução cósmica se processa na escala de bilhões de anos. Eterna e imutável, somente a evolução.


Adilson de Oliveira
Departamento de Física
Universidade Federal de São Carlos
19/09/2008

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Ao ler o artigo do Prof. Adilson, não sei por que me lembrei de uma aula de catecismo de cosmologia quântica:

P: Do que o nosso universo evoluiu?
R: Nosso universo evoluiu de um mini-universo muito menor e muito mais vazio. Você pode pensar nele como se fosse um ovo.

P: Como era parecido o universo muito menor e muito mais vazio?
R: Era uma esfera quadridimensional com quase nada dentro. Você pode pensar que isso seja estranho.

P. Como pode uma esfera ter quatro dimensões?
R: Uma esfera pode ter quatro dimensões se tiver outra dimensão além de uma esfera tridimensional. Você pode pensar que isso seja óbvio.

P: O universo muito menor e muito mais vazio tem um nome?
R: O universo muito menor e muito mais vazio é chamado de “universo de Sitter”. Você pode pensar nisso como já sendo a hora de alguém prestar atenção a de Sitter.

P: Há mais alguma coisa que eu deva saber sobre o universo muito menor e muito mais vazio?
R: Sim. Ele representa uma solução às equações de campo de Einstein. Você pode pensar que isso seja boa coisa.

P: Onde estava aquele universo ou ovo muito menor e muito mais vazio?
R: Estava no lugar do espaço como nós conhecemos o espaço e que não existia. Você pode pensar nisso como se fosse um saco.

P. Quando ele estava lá?
R: Ele estava lá no tempo quando o tempo como nós conhecemos não existia. Você pode pensar nisso como sendo um mistério.

P: De onde veio o ovo?
R: O ovo, na verdade, não veio de lugar nenhum. Você pode pensar nisso como sendo algo surpreendente.

P: Se o ovo não veio de lugar nenhum, como é que ele chegou lá?
R: O ovo chegou lá porque a função da onda do universo disse que era provável. Você pode pensar nisso como sendo um acordo feito.

P: Como o nosso universo evoluiu de um ovo?
R: Ele evoluiu por inflacionar-se deste saco a fim de se tornar o universo onde nós nos encontramos. Você pode pensar nisso como sendo apenas uma dessas coisas.

David Berlinski, o autor do livro “The Devil’s delusion” [A ilusão do Diabo], afirma que isso não é uma paródia da cosmologia quântica. É cosmologia quântica pura. O artigo do Prof. Adilson é prova disso. [1]

Analogia? Prof. Adilson, analogia é faca de dois legumes! E o Sr. está perdoado pelo romantismo filosófico de atribuir eternidade e imutabilidade somente à evolução. De onde você tirou isso? Do tão propalado e menos observado método científico?

A conclusão é tão-somente subjetividade ideológica do Prof. Adilson: materialismo filosófico mascarado de ciência, mas amplamente divulgado através de um meio de divulgação científica popular, o CH, como se tivesse sido derivado da ciência.

NOTA:

1. David Berlinski, The Devil’s delusion. Nova York, Crown Forum, 2008, p. 104-106. Sendo traduzido para o português.

Um big bang biológico “explodiu” de vez com a seleção natural como vera causa da evolução

quinta-feira, setembro 18, 2008

Este artigo é alarmante por suas conseqüências à teoria da evolução de Darwin no contexto de justificação teórica:

“Major transitions in biological evolution show the same pattern of sudden emergence of diverse forms at a new level of complexity .”

Traduzindo em graúdos: “As principais transições em evolução biológica mostram o mesmo padrão de súbita emergência de diversas formas em um novo nível de complexidade”.

UAU! Principais transições em evolução biológica! Mas não era justamente isso que a teoria geral da evolução de Darwin pretendia explicar? E se isso for realmente assim, significa o quê? Que Darwin estava errado? Resposta da Nomenklatura científica: “Pereça tal pensamento sacrílego. Darwin locuta, causa finita!”

Koonin prossegue: “The relationships between major groups within an emergent new class of biological entities are hard to decipher and do not seem to fit the tree pattern that, following Darwin's original proposal, remains the dominant description of biological evolution.”

Traduzindo em miúdos: “As relações entre os principais grupos dentro de uma nova classe de entidades biológicas emergentes são difíceis de decifrar e não parecem encaixar no padrão de árvore que, seguindo a proposta original de Darwin, permanece a descrição dominante da evolução biológica.”

UAU! Gente, alguém me belisque, mas este tal de Koonin está indo além do discurso uniforme da Nomenklatura científica [síndrome dos soldadinhos-de-chumbo onde todo mundo pensa igual e ninguém pensa em mais nada].

Koonin relaciona os fatos que ficam de fora do alcance heurístico da teoria da evolução de Darwin através da seleção natural:

“The cases in point include the origin of complex RNA molecules and protein folds; major groups of viruses; archaea and bacteria, and the principal lineages within each of these prokaryotic domains; eukaryotic supergroups; and animal phyla.”

Traduzindo em graúdos e miúdos: “Os casos em questão incluem a origem das moléculas complexas do RNA e os dobramentos das proteínas; os principais grupos de vírus; arqueia e bactéria, e as principais linhagens dentro de cada um desses domínios procarióticos; os supergrupos eucarióticos; e os filos animais.”

UAU! Gente, o que foi que sobrou para a seleção natural agir como vera causa evolutiva? Sobrou alguma coisa?

Pensou que Koonin tinha acabado na sua demonstração das insuficiências epistêmicas da teoria geral da evolução? Na-na-ni-na-não!

“In each of these pivotal nexuses in life's history, the principal "types" seem to appear rapidly and fully equipped with the signature features of the respective new level of biological organization. No intermediate "grades" or intermediate forms between different types are detectable.”

Traduzido em português bem claro:

“Em cada um desses nexus importantes na história da vida, os ‘tipos’ principais parecem surgir rapidamente e plenamente equipados com as características de assinatura do respectivo novo nível de organização biológica. “Graus” ou formas intermediárias entre os diferentes tipos não são detectáveis.”

Por favor, alguém me dê um beliscão epistemológico: graus ou formas intermediárias não são encontrados? Quer dizer então que eles são “imaginários”?

Alô MEC/SEMEC/PNLEM: estamos de olhos nas próximas edições dos livros-texto de Biologia do ensino médio, e vamos cobrar o que o Koonin teve a coragem de abordar: os elos transicionais são “imaginários” e que a seleção natural não é nem necessária, muito menos suficiente para explicar a complexidade e a diversidade das coisas bióticas em sua história evolutiva.

Valeu, Koonin! Que a sua tribo cresça e apareça!

Fui dormir epistemologicamente tranqüilo, e querendo ver a cara da galera dos meninos e meninas de Darwin que ainda não reconhecem o fato, Fato, FATO de uma nova teoria evolutiva na área e que se chama “Síntese Evolutiva Ampliada” que não será selecionista.

Aonde foi parar o fato, Fato, FATO da evolução?

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Hypothesis Open Access

The Biological Big Bang model for the major transitions in evolution

Eugene V Koonin*

Address: National Center for Biotechnology Information, National Library of Medicine, National Institutes of Health, Bethesda, MD 20894, USA
Email: Eugene V Koonin* - koonin@ncbi.nlm.nih.gov
* Corresponding author

Abstract

Background: Major transitions in biological evolution show the same pattern of sudden emergence of diverse forms at a new level of complexity. The relationships between major groups within an emergent new class of biological entities are hard to decipher and do not seem to fit the tree pattern that, following Darwin's original proposal, remains the dominant description of biological evolution. The cases in point include the origin of complex RNA molecules and protein folds; major groups of viruses; archaea and bacteria, and the principal lineages within each of these prokaryotic domains; eukaryotic supergroups; and animal phyla. In each of these pivotal nexuses in life's history, the principal "types" seem to appear rapidly and fully equipped with the signature features of the respective new level of biological organization. No intermediate "grades" or intermediate forms between different types are detectable. Usually, this pattern is attributed to cladogenesis compressed in time, combined with the inevitable erosion of the phylogenetic signal.

Hypothesis: I propose that most or all major evolutionary transitions that show the "explosive" pattern of emergence of new types of biological entities correspond to a boundary between two qualitatively distinct evolutionary phases. The first, inflationary phase is characterized by extremely rapid evolution driven by various processes of genetic information exchange, such as horizontal gene transfer, recombination, fusion, fission, and spread of mobile elements. These processes give rise to a vast diversity of forms from which the main classes of entities at the new level of complexity emerge independently, through a sampling process. In the second phase, evolution dramatically slows down, the respective process of genetic information exchange tapers off, and multiple lineages of the new type of entities emerge, each of them evolving in a tree-like fashion from that point on. This biphasic model of evolution incorporates the previously developed concepts of the emergence of protein folds by recombination of small structural units and origin of viruses and cells from a pre-cellular compartmentalized pool of recombining genetic elements. The model is extended to encompass other major transitions. It is proposed that bacterial and archaeal phyla emerged independently from two distinct populations of primordial cells that, originally, possessed leaky membranes, which made the cells prone to rampant gene exchange; and that the eukaryotic supergroups emerged through distinct, secondary endosymbiotic events (as opposed to the primary, mitochondrial endosymbiosis). This biphasic model of evolution is substantially analogous to the scenario of the origin of universes in the eternal inflation version of modern cosmology. Under this model, universes like ours emerge in the infinite multiverse when the eternal process of exponential expansion, known as inflation, ceases in a particular region as a result of false vacuum decay, a first order phase transition process. The result is the nucleation of a new universe, which is traditionally denoted Big Bang, although this scenario is radically different from the Big Bang of the traditional model of an expanding universe. Hence I denote the phase transitions at the end of each inflationary epoch in the history of life Biological Big Bangs (BBB).

Conclusion: A Biological Big Bang (BBB) model is proposed for the major transitions in life's evolution. According to this model, each transition is a BBB such that new classes of biological entities emerge at the end of a rapid phase of evolution (inflation) that is characterized by extensive exchange of genetic information which takes distinct forms for different BBBs. The major types of new forms emerge independently, via a sampling process, from the pool of recombining entities of the preceding generation. This process is envisaged as being qualitatively different from treepattern cladogenesis.

Reviewers: This article was reviewed by William Martin, Sergei Maslov, and Leonid Mirny.

Debatendo Darwin livremente

Simon Conway Morris e Steve Fuller começam este debate.